Autores: Pâmela Oliveira Campos (UFRJ, pam_oc@hotmail.com), Kissya Kropf da Silva (UFRJ, kissya@eq.ufrj.br), Gisele Alves Borges (UFRJ, gisele@eq.ufrj.br), Amanda Pereira Franco dos Santos (UFRJ, apfranco@eq.ufrj.br), Luiz Antonio d’Avila (UFRJ, davila@eq.ufrj.br)

Resumo: A gasolina é um combustível derivado do petróleo que consiste em uma mistura complexa de compostos, na qual os hidrocarbonetos são os principais constituintes. Este tipo de combustível possui ponto de ebulição na faixa de 25,0 a 215,0ºC e é composto, basicamente, de hidrocarbonetos saturados, olefínicos e aromáticos, cuja composição e as propriedades são críticas para o desempenho de motores e a quantidade de poluentes gerados pela combustão (MEDEIROS, 2009; BRITO, 2014). A Resolução ANP N° 40, de 2013, estabelece as especificações das gasolinas de uso automotivo e as obrigações quanto ao controle da qualidade a serem atendidas pelos diversos agentes econômicos que comercializam o produto em todo o território nacional. As gasolinas automotivas brasileiras podem ser do tipo comum ou premium e classificam-se em gasolina A, isenta de componentes oxigenados, e gasolina C, obtida da mistura de gasolina A e etanol anidro combustível. A diferença entre ambas está no índice de antidetonante (resistência à detonação) (RESOLUÇÃO ANP Nº40, 2013).

A adulteração dos combustíveis se caracteriza pela adição irregular de qualquer substância, usualmente, sem o devido recolhimento de impostos, tendo como finalidade a obtenção de lucro ilegal (ANP, 2015). A adição irregular de óleo diesel à gasolina é, dentre as adulterações, a mais fácil e, recorrentemente, efetuada, uma vez que o óleo diesel tem preço inferior ao da gasolina. Assim, segundo o Boletim do Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis (PMQC) da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a segunda maior não conformidade obtida nas amostras de gasolina coletadas em território nacional em julho de 2019 foi referente ao ensaio de destilação atmosférica, com 40,0% do total das não conformidades, o que pode indicar a presença de substância mais pesada do que a gasolina, tais como o óleo diesel (BOLETIM DA QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS DO PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA ANP, 2019).

O uso de gasolina adulterada traz diversas consequências, sendo que a primeira a ser notada pelos consumidores são os danos provocados no veículo. Os solventes mais usados na adulteração da gasolina são o óleo diesel, querosene e refinados petroquímicos (TEIXEIRA et al., 2001), além do solvente de borracha (DAGOSTIN, 2003) e o excesso de álcool anidro (OLIVEIRA et al., 2004, AVILA et al., 2018). O óleo diesel, por exemplo, como tem temperaturas de ebulição maiores que da gasolina (são mais pesados), faz com que aumente o consumo de combustível e reduza o desempenho do motor devido a uma atomização ineficiente e queima não completa, podendo causar também uma corrosão prematura do tanque de combustível e de componentes internos do motor devido ao acúmulo de sujeira (TAKESHITA, 2006).

Diversas técnicas estão sendo utilizadas para detectar adulteração da gasolina, tais como a espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) em associação a técnicas de classificação quimiométrica multivariada (TEIXEIRA et al., 2008), raios ultrassônicos (SHARMA & GUPTA, 2007), destilação atmosférica e métodos multivariados (MENDES & BARBEIRA, 2013), cromatografia gasosa bidimensional associada a métodos multivariados (PEDROSO et al., 2008), entre outros.

Neste trabalho observou-se a influência da presença de óleo diesel nos parâmetros físico-químicos da gasolina, realizados rotineiramente em laboratórios de monitoramento de qualidade de combustíveis. A identificação e quantificação do óleo diesel presente nas amostras de gasolina, foi baseada na presença do biodiesel através da banda da carbonila nos resíduos de destilação, por espectroscopia de infravermelho médio.

Trabalho completo: 7° Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia e Inovação de Biodiesel, p. 189