O futuro do biodiesel com um novo presidente passa pela “urgente necessidade de políticas compensatórias para o complexo soja”, definiu o presidente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Juan Diego Ferrés, no painel que deu início à Conferência BiodieselBR, realizada em São Paulo hoje (05/11) e amanhã (06/11).

Ferrés abriu o evento alertando para os impactos negativos e as distorções evidenciadas no contexto global em decorrência da guerra comercial entre Estados Unidos e a China, com reflexos nos preços relativos entre farelo de soja e grão, valorizado artificialmente pelo imposto à importação de soja imposto pela China.

“Precisamos defender os interesses nacionais. Por isso, é importante que se tenha políticas compensatórias que possam fortalecer os preços ao produtor no longo prazo, sem prejudicá-lo no curto prazo”, explicou.

Segundo Ferrés, o esmagamento previsto na China na safra 2018/2019 é de 85 milhões de toneladas, enquanto a produção local é de 15 milhões de toneladas.

“Se o Brasil não expandir os mercados de soja para colocar o farelo no mercado, colocaremos em jogo a competitividade brasileira no mercado global – em face da “trade-war” –, e no mercado interno, pelo alto custo do farelo para alimentar as cadeias de carnes e derivados”.

Estas questões serão o foco da apresentação de Ferrés na manhã desta terça-feira, no segundo dia de conferência, quando serão abordadas as perspectivas para o setor de biodiesel nos próximos governos.

Leilões

Em junho, o 61º leilão público de biodiesel – destinado a atender a mistura obrigatória de 10% do biocombustível no diesel entre julho e agosto – bateu o recorde de volume, com mais de 1 bilhão de litros arrematados. A tendência para os próximos anos é de ampliação, já que o Conselho Nacional de Política Energética definiu a progressão do biodiesel em 1% ao ano, até 2023.

Segundo o coordenador de Biodiesel e outros Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Ricardo Gomide, o biodiesel tem se mostrado cada vez mais vantajoso para a sociedade, não só do ponto de vista ambiental e de saúde pública, mas também em relação ao preço.

“O biodiesel está cada vez mais competitivo com o diesel”, destacou, mostrando os dados dos últimos leilões.

Este foi o tema do segundo painel da BiodieselBR, que contou também com a participação do presidente do Sidibio-RS e vice-presidente da Ubrabio, Irineu Boff.

Boff elencou três grandes motivos para investir na produção de biodiesel: substituição de importações de diesel, pois cada litro de biodiesel substitui um litro de diesel; o compromisso firmado pelo Brasil na COP 21 de reduzir o uso de combustíveis fósseis e a agregação de valor ao complexo soja e outras matérias-primas que são “tão abundantes que seria um sacrilégio não aproveitar essas oportunidades”, finalizou.