Ondas de calor fizeram a temperatura subir a níveis alarmantes do Japão ao círculo polar ártico. Incêndios florestais varreram a Califórnia e a Grécia. E o Estado mais populoso da Austrália, Nova Gales do Sul, está agora completamente seco. Segundo reportagem publicada no site da BBC Brasil, estes acontecimentos são, para os cientistas que estudam o clima, um sinal de alerta da ameaça representada pela mudança climática produzida pelo homem a partir da liberação massiva de carbono na atmosfera.

“Eu acredito que as pessoas estejam associando, de forma correta, sua experiência cotidiana com o aquecimento do planeta”, disse Bill Hare à reportagem. Ele é cofundador do consórcio científico de análise climátiva. De acordo com os estudos do consórcio, um aumento de 2ºC na temperatura global é considerado o máximo que o planeta pode tolerar sem o risco iminente de catástrofes em nossa alimentação, abastecimento de água, biodiversidade ou no nível dos mares. Na Cúpula do Clima de Paris, realizada no fim do ano passado, líderes de vários países do mundo concordaram em tentar manter o aquecimento global “bem abaixo” deste limite crucial – abaixo de 1,5ºC – o que pode fazer uma grande diferença para populações vivendo em pequenas ilhas ou outras áreas vulneráveis.

Mas o mundo conseguirá manter essa promessa? Eis o que os especialistas dizem ser preciso fazer para cumprir o objetivo.

1) Substituir combustíveis fósseis por renováveis
Para limitar o aquecimento do planeta a 1, 5 C° ou menos, cientistas concordam que as emissões de carbono devem chegar a um pico em 2020, e então declinar rapidamente até zero pela metade do século, ou um pouco depois.

Um relatório da Agência Internacional de Energia (IEA) afirma que, se ações neste sentido forem tomadas cedo o suficiente, 70% das emissões de carbono podem ser cortadas até 2050. E, até 2060, a economia mundial pode tornar-se livre de carbono. Uma transição tão grande nas fontes de energia necessitaria de uma “escalada sem precedentes no uso de tecnologias de baixo carbono, em todos os países”, diz o relatório da IEA.

A boa notícia é que não só na Europa, mas também na China e na Índia, o carvão está sendo rapidamente substituído na função de combustível para a geração de energia. O uso de energia eólica (do vento) e solar está se tornando mais comum.

2) Proteger e regenerar as florestas
A derrubada das florestas tropicais é responsável por cerca de 20% das emissões anuais de gases causadores do efeito estufa. Portanto, deter a derrubada de florestas é algo muito relevante para conter as emissões de carbono, garante a publicação da BBC, que cita um estudo da Universidade de Exeter, no Reino Unido, sugerindo que regenerar estas florestas é também a melhor forma de recapturar carbono que foi lançado na atmosfera, ajudando, portanto, a segurar o aumento da temperatura.

Cientistas dizem que, mesmo que o mundo zere as emissões de carbono até a metade deste século, ainda é possível ampliar os esforços com “emissões negativas”, de forma a atingir os objetivos globais contra o efeito estufa. Técnicas estão em desenvolvimento para capturar e armazenar carbono em árvores, no subsolo e no leito marinho.

3) Manter os políticos na linha
A ciência continuará monitorando a trajetória das emissões de carbono, de modo a saber se o mundo está ou não no caminho para atingir as metas de controle de temperatura. Mas uma análise mais cuidadosa das promessas feitas por cada país após o acordo de Paris em 2015 mostra que os esforços ainda estão aquém do necessário.

Estima-se que as emissões de carbono feitas pelo setor de energia precisam ficar abaixo de 790 gigatoneladas, de 2015 até 2100, para que a meta de 1,5 C° seja atingida. Apesar disso, os compromissos atuais dos países permitiriam que este setor, sozinho, lançasse na atmosfera 1,260 gigatoneladas só até 2050. Isto significa que o eventual sucesso em conter o aumento das temperaturas dependerá de “emissões negativas” – captura de carbono – e de novas tecnologias e esforços.

Os dirigentes dos principais países emissores do mundo se encontram nos eventos do G20 – a reunião das vinte maiores economias do mundo. Os países deste grupo somam 63% da população do mundo e 83% das emissões. Estes países – cujas populações são provavelmente mais atentas às questões ambientais e mais aptas a se manifestar por seus direitos – estabeleceram metas de controle de emissões. Mesmo assim, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou os EUA do acordo de Paris. E prometeu trazer de volta à vida o setor de carvão do país.

Com informações do site BBC Brasil.

Fonte: Correio da Bahia