Sem redução de emissões, número de mortes prematuras pode dobrar até 2050, diz estudo. Poluentes causam doenças cardíacas, AVC, câncer de pulmão e infecções respiratórias agudas.

A poluição atmosférica é responsável pela morte prematura de 3,3 milhões de pessoas no mundo, afirmou um estudo publicado nesta quarta-feira (16/09) na revista Nature. Sem a redução de emissões poluentes, esse número poderá chegar a 6,6 milhões até 2050, alertaram os cientistas.

Doenças cardíacas, acidente vascular cerebral (AVC), doença pulmonar obstrutiva crônica, além de câncer de pulmão e infecções respiratórias agudas são as principais formas de mortes prematuras causadas pela poluição atmosférica.

O estudo revelou ainda que a poluição atmosférica mata mais do que a malária e o vírus da Aids juntos. “Esse número é espantoso. Em alguns países a poluição do ar é uma das principais causas de morte, em outros é um problema grave”, afirmou Jos Lelieveld, do Instituto Max Planck para Química na Alemanha, que coordenou a pesquisa.

A maioria das mortes ocorre na Ásia, onde emissões de energia residenciais, como as produzidas no aquecimento ou para cozinhar, têm um grande impacto. A maior taxa de mortalidade causada pela poluição atmosférica foi registrada na China, com 1,4 milhão de casos, seguida pela Índia, com 645 mil mortes, e Paquistão, com 110 mil.

Os poluentes afetam de forma diferente cada região. Nos países industrializados, a agricultura é responsável por uma boa parte dessa poluição. A pesquisa mostrou que as atividades agrícolas são a principal fonte de emissões de partículas finas no leste dos Estados Unidos e na Europa, sendo responsáveis por cerca 20% das mortes prematuras.

A principal fonte de poluição do ar na agricultura é amônia de fertilizantes e resíduos animais, disse Lelieveld. Esse composto químico, combinado com sulfatos de usinas geração de energia movidas a carvão e nitratos produzidos por automóveis, forma partículas de fuligem que são extremamente prejudicais a saúde.

A equipe de Lelieveld combinou um modelo químico atmosférico global com dados populacionais e estatísticas de saúde para estimar a contribuição relativa de diferentes tipos de poluição do ar, principalmente das chamadas partículas finas, às mortes prematuras.