17/11/2020-“O futuro do setor de biodiesel depois de um ano de Pandemia” foi o tema do painel que abriu os trabalhos da Conferência BiodieselBR nesta terça-feira (17), com a participação do secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, José Mauro Coelho; do presidente da Ubrabio, Juan Diego Ferrés, e dos presidentes das demais associações do setor de biodiesel.

Segundo o presidente da Ubraio, Juan Diego Ferrés, é preciso focar no futuro e não apenas no ano de 2020, que foi extremamente atípico.

“Quando se pensa em demanda e oferta de matéria-prima para o programa de biodiesel, temos que olhar os potenciais também. Temos uma enorme oferta de soja, com projeção de 135 milhões de toneladas para a próxima safra e uma previsão de exportar mais de 80 milhões de toneladas em grão para a China, sem agregar valor”, explicou Ferrés.

Ele ressaltou que o problema não é de disponibilidade de matéria-prima, mas de gestão dos fatores da agregação de valor no país e da “expansão das fronteiras de desenvolvimento sustentável nas diferentes regiões do país, conversando com a preservação da Amazônia”.

Para Ferrés, o Brasil tem um enorme potencial de fornecimento de biomassa sustentável para o biodiesel e para novos biocombustíveis, como bioquerosene e diesel verde.

Outro ponto abordado por Ferrés foi em relação à competitividade do biodiesel. Nos últimos leilões, os preços do biocombustível sofreram altas por conta do óleo de soja, escasso no país.

“A competitividade do biodiesel em relação ao diesel ficou evidenciada ao longo dos últimos anos. Mas em 2020 tivemos fatores alheios como a excessiva exportação de matéria-prima sem agregação de valor”, comentou.

De acordo com o presidente da Ubrabio, a gestão da agregação de valor deve ter um impacto na formação de preço do biodiesel, proporcionando maior competitividade, mas também na cadeia de produção de proteínas, que dependem do farelo de soja para ração. “Precisamos fazer alguma coisa para que uma parcela maior da soja seja processada no Brasil”, reforçou.

Ele também acredita que os combustíveis fósseis precisam estar aliados à visão de longo prazo de sua substituição por biocombustíveis.

Biocombustíveis avançados

O Brasil pode explorar e multiplicar as externalidades como fez no biodiesel também com os biocombustíveis avançados, aposta Ferrés.

Para ele, nos próximos 20 anos, o país pode ter mais um grande programa de biocombustíveis, conduzido através de políticas públicas para o diesel verde e bioquerosene, para “lado a lado com o biodiesel, fornecer combustíveis mais limpos e sustentáveis para as frotas de ciclo diesel” e aviação comercial.

RenovaBio e B13 em março

Já o secretário do Ministério de Minas e Energia (MME) José Mauro reforçou o compromisso do governo com a entrada do B13 (mistura obrigatória de 13% de biodiesel) em março de 2021, conforme previsto pelo Conselho Nacional de Política Energética.

Para José Mauro, o programa de biodiesel é uma parte estratégica da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), “instrumento importante da transição energética”.

“O RenovaBio não é uma política de governo, é uma política de Estado e talvez um dos maiores programas de descarbonização do mundo”, destacou.

Ele também comentou que 2020 foi um ano atípico, mas que o governo, além de tratar as questões de curto e médio prazo, tem discutido questões estruturantes, entre elas, a revisão do modelo de comercialização de biodiesel.

O secretário trouxe dados sobre a retomada do consumo de diesel, apesar da pandemia, que em setembro foi 7% superior em relação ao mesmo período do ano passado. Em outubro, o consumo chegou a 48 bilhões no acumulado do ano e a expectativa é fechar o ano com 57 bilhões de litros de diesel e 7 bilhões de litros de biodiesel.