Artigo publicado na Revista Biodieselbr em 2009.

BIODIESEL METROPOLITANO – QUESTÃO DE TEMPO

* Juan Diego Ferrés

A implantação de um padrão de combustível mais limpo e ecologicamente mais aceitável nas regiões metropolitanas do País passa a ser uma questão de saúde pública, além de se tratar de um avanço inequívoco em nossa matriz energética.

Hoje, transcorrida a primeira década do novo milênio, é quase unanimidade entre os especialistas que a fonte primária dos velhos combustíveis fósseis – as reservas de petróleo – já se encontram na fase de exploração de sua segunda metade. Como o ritmo de exploração e consumo subiu nas últimas décadas de forma quase exponencial e nada indica que o mundo poderá abrir mão de produzir energia para suas necessidades, urge avançarmos nas outras fontes.

É impossível haver um ponto exato da transição, um momento em que as reservas de petróleo se esgotarão e imediatamente após se iniciaria a produção de outras formas de energia para substituir todo o petróleo. A transição, como sugere a própria palavra, é um processo. A troca, ou substituição, da matriz energética tem que ser feita ao longo de um tempo, para que não haja ruptura nem uma descontinuidade na oferta e no consumo.

O Programa Nacional de Produção de Biodiesel colocou o Brasil na vanguarda das novas soluções. A recente implantação do B4 – adição de 4% de biodiesel ao óleo diesel de petróleo – e a capacidade de nossa indústria já assumir o B5, previsto apenas para o próximo ano, representam somente o início de uma guinada rumo ao futuro.

A União Brasileira de Biodiesel, Ubrabio, sustenta que chegou o momento de o Brasil avançar ainda mais. Temos tecnologia, temos capacidade e temos necessidade de evoluir. Por isso já apresentamos, num recente encontro com a Frente Parlamentar Ambientalista da Câmara dos Deputados, a proposta de implantação do B20 – Biodiesel Metropolitano, com adição de 20% de biodiesel ao óleo diesel tradicional. A novidade valeria para as principais e maiores regiões metropolitanas do País.

A receptividade dos parlamentares foi a mais animadora possível. O apoio à idéia foi explicitado na própria reunião pelo Coordenador da Frente, deputado Zequinha Sarney e outros deputados preocupados com a questão energética.

Como decorrência dessa boa receptividade, o deputado Mendes Thame imediatamente elaborou um Projeto de Lei para implantar o Biodiesel Metropolitano – B20. O Projeto já foi protocolado na Câmara antes do recesso parlamentar de julho e há todo o interesse por parte da Frente Ambientalista de que ele tramite rapidamente a partir do segundo semestre. Pela proposta do deputado Mendes Thame, já em 2010 as regiões metropolitanas brasileiras seriam abastecidas com uma mistura na proporção de 10% de biodiesel, o B10, chegando a 20%, ou B20, em 2013.

A aprovação do Projeto de Lei não se trata apenas de um avanço, que é inexorável, rumo ao maior aproveitamento de um combustível renovável. Representa também maiores cuidados com a saúde da população, já que 20% de biodiesel significam nos motores redução significativa de emissão de partículas poluentes e nocivas ao ser humano.

O Biodiesel, além de renovável, é muito mais limpo. Em várias de nossas grandes cidades, a incidência de doenças respiratórias causadas pela má qualidade do ar é crescente. Justamente por isso, repetimos: temos tecnologia, temos capacidade, e – também por uma questão de saúde pública – temos necessidade de evoluir.

O B20 Metropolitano é uma questão de tempo. Esperamos que de pouco tempo.

* Juan Diego Ferrés é Presidente do Conselho Superior da União Brasileira do Biodiesel – Ubrabio. A entidade atua como interlocutora do governo em nome da cadeia produtiva do biodiesel.

Artigo publicado na Revista Biodieselbr em 2009.