Em audiência pública da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), nesta quarta-feira (9), para decidir sobre a liberação da importação de biodiesel em 2023, o presidente do Conselho Superior da Ubrabio, Juan Diego Ferrés, lembrou que a indústria do biodiesel investiu mais de R$ 15 bilhões, mas está ociosa por falta de previsibilidade, e que a abertura de mercado para importação vai trazer efeitos duvidosos que afetarão ainda mais o setor.

“A ociosidade é crucial, pois temos no momento um setor com 57 empresas com mais de R$ 15 bilhões de investimentos reconhecidos e tudo registrado na ANP, e fica muito claro o prejuízo econômico brutal que o setor ficou submetido durante o ano de 2022 por motivos mais diversos, dentre eles, o controle de preços, entre outros. O setor está merecedor de um tratamento cuidadoso até para não quebrar. Uma política de liberação de importação traz vários aspectos duvidosos, suspeitos até”, disse Diego.

O presidente da Ubrabio chamou atenção para os riscos que a política de importação pode provocar no regramento já estabelecido e lembrou que uma eventual mudança pode afetar os compromissos internacionais brasileiro com a redução das emissões de gases de efeito estufa, que ajuda no cumprimento das metas do Acordo de Paris, por exemplo.

“São políticas públicas de décadas e quando se mexe com exportação ou importação ela atinge brutalmente a correspondente quantidade de sequência de carbono ao longo dos anos envolvidos nesta própria alteração. Então, se eu altero o insumo de biodiesel na mistura obrigatória eu adultero involuntariamente o equilíbrio do sequestro de carbono ao qual o Brasil se comprometeu nos acordos internacionais”, destacou Diego ao pedir que a ANP veja com responsabilidade a questão da abertura de importação de biodiesel de modo que ela não venha a destruir a indústria brasileira do biodiesel e toda a cadeia de interesse social, ambiental e econômico associados ao setor.