O desenvolvimento do setor de biodiesel na próxima década foi o tema da apresentação do vice-presidente de Assuntos Tributários da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Irineu Boff, durante o painel de abertura da Conferência BiodieselBR, nesta quarta-feira (16).
Segundo Boff, o biodiesel hoje representa 1,2% da Matriz Energética Brasileira, com a mistura obrigatória B7, isto é, 7% de biodiesel no diesel fóssil comercializado em todo o território nacional.
Essa participação deve aumentar nos próximos anos. Em outubro, a pedido do Ministério de Minas e Energia (MME), o setor produtivo elaborou um documento que aponta o potencial da evolução do biodiesel no Brasil, para contribuir com as metas de ampliação do uso de bioenergia no país.
Ao adotar a mistura obrigatória B20 em 2030, o biodiesel pode representar 3,31% da Matriz Energética, e 9% da Matriz de Combustíveis, com a produção e consumo de cerca de 18 bilhões de litros por ano – a produção atual é de aproximadamente 4 bilhões de litros/ano.
“Nós temos gente, clima, terra, tecnologia e matérias-primas que nos permitem continuar evoluindo”, destacou o vice-presidente da Ubrabio.
“Ao adotar o B20 como mistura mínima obrigatória em 2030, cerca de 34 milhões de toneladas de CO2 equivalente deixarão de ser emitidas por ano, o que corresponde a 250 milhões de árvores plantadas”.
No Brasil, a combinação entre um motor altamente eficiente e o biodiesel, que é um combustível sustentável do ponto de vista econômico, social e ambiental, resulta numa mudança de paradigma no setor de transportes. Comparado ao diesel, o biodiesel emite ainda 70% menos gases de efeito estufa, somente na fase de produção. Durante o uso, a redução de emissões de CO2 é proporcional à porcentagem do combustível renovável adicionado ao fóssil. Por exemplo, ao usar uma mistura de 20% de biodiesel, temos ainda uma redução de 15% de dióxido de carbono em comparação com o uso de diesel puro.
O aumento do uso de biodiesel também está atrelado à melhoria da qualidade do ar das grandes cidades, evitando doenças causadas pela poluição; geração de empregos; investimentos industriais e em tecnologia; agregação de valor à produção agrícola e redução da importação de diesel.
Com a retomada do crescimento da atividade econômica brasileira e, consequentemente, da demanda de diesel, estima-se que a dependência externa desse combustível dever ser ampliada ao longo dos próximos anos, podendo alcançar o patamar de 28 bilhões de litros, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.
Para a Ubrabio, o biodiesel pode suprir essa necessidade de importação, ao mesmo tempo em que colabora para a substituição gradual dos combustíveis fósseis por energia renovável, conforme a meta estabelecida no Acordo de Paris.
Renova Bio
O secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, Márcio Félix, também participou do painel de abertura e apresentou a proposta do programa Renova Bio 2030.
A iniciativa do MME quer garantir a expansão da produção de biocombustíveis no país, com previsibilidade e sustentabilidade ambiental, econômica e financeira, para cumprir o compromisso assumido na COP21.
“O MME tem dialogado com os diversos agentes que atuam no mercado de energia, em busca de convergências para definir o papel dos biocombustíveis na matriz energética nacional. O resultado dessa iniciativa é fundamental para o planejamento de ações de curto, médio e longo prazo”, explicou o secretário.
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