14/05/2019 – Em conversa nesta segunda-feira (13) com jovens maoris e povos das Ilhas do Pacífico na Nova Zelândia, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que a “natureza não negocia” e enfatizou quatro medidas essenciais que governos devem priorizar para alcançar a neutralidade de carbono até 2050.

Reconhecendo o papel dos jovens para avançar ações climáticas no mundo todo, Guterres relembrou os presentes de que o “objetivo central é não ter mais de 1,5°C de aumento de temperatura no final do século”.

“A comunidade internacional, e especialmente a comunidade científica, foi muito clara de que, para alcançar este objetivo, precisamos alcançar neutralidade de carbono até 2050”.

Para isso, ele pediu que nações do mundo todo promovam quatro mudanças essenciais:

1. Imposto sobre poluição, não sobre pessoas

O chefe da ONU pediu que a ênfase seja colocada em impostos sobre emissões de carbono, conhecidos como “precificação de carbono”, em vez de serem aplicados sobre os salários.

2. Fim do subsídio a combustíveis fósseis

Guterres destacou que o dinheiro de contribuintes não deve ser usado para aumentar a frequência de furacões, a propagação de secas e de ondas de calor, o degelo das geleiras e o branqueamento dos corais.

3. Cessar a construção de novas minas de carvão até 2020

Energia a base de carvão é um ponto-chave, segundo o Relatório de Lacunas de Emissões de 2018, da ONU Meio Ambiente. Todas as minas atualmente em operação deixam para o mundo cerca de 190 gigatoneladas de CO2. Se todas as minas de carvão atualmente sob construção começarem suas operações e seguirem até o final de suas vidas técnicas, as emissões irão aumentar mais 150 gigatoneladas. Isso prejudica a capacidade de limitar o aquecimento global em até 2°C, como previsto pelo Acordo de Paris de 2015.

4. Foco em uma economia verde

“É muito importante que, no mundo todo, os jovens, a sociedade civil e a comunidade empresarial tenham entendido que a economia verde é a economia do futuro e que a economia cinza não tem futuro”, disse Guterres. “É muito importante que vocês convençam governos de que eles precisam agir, porque ainda há muita resistência”, disse aos jovens que estavam presentes.

“Governos ainda estão com medo de avançar”, lamentou, explicando que “eles sentem os custos da ação climática, esquecendo que os custos de não agir são muito maiores do que quaisquer custos de ação climática”.

“A natureza não negocia”, disse. “É muito bom ver jovens no fronte”.

O chefe da ONU convocou para 23 de setembro uma Cúpula sobre Mudança Climática para aumentar ambições para ações climáticas decisivas.

Líderes mundiais pedem mais ações

Na semana passada, oficiais seniores de todo o Sistema ONU afirmaram que ações climáticas para mitigar a ameaça existencial apresentada pela mudança climática são um “imperativo moral, ético e econômico”. Os líderes de mais de 30 agências e entidades da ONU emitiram um apelo conjunto para governos de todo o mundo “aumentarem ambições e tomarem ações concretas” antes da Cúpula sobre Ação Climática.

O apelo destacou que, para atingir as metas do Acordo de Paris para o clima, países precisam “cumprir suas obrigações de direitos humanos, incluindo o direito à saúde, o direito à segurança alimentar, o direito ao desenvolvimento, os direitos dos povos indígenas, de comunidades locais, migrantes, crianças, pessoas com deficiências e pessoas em situação vulnerável”.

Como estabelecido no Relatório Especial sobre Aquecimento Global, do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, limitar o aquecimento global a 1,5°C “é necessário para prevenir mudanças irreversíveis”.

“Alcançar este objetivo irá exigir mudanças em uma escala sem precedentes em todos os níveis, mas ainda é possível se agirmos agora”, disseram os líderes no apelo.

O comunicado foi emitido após consultas durante um encontro do Conselho de Chefes-Executivos da ONU para Coordenação e pediu para países garantirem as “medidas de adaptação” apropriadas para proteger pessoas, empregos e ecossistemas.

Fonte: ONU Brasil