Sem abrir mão da vocação exportadora, a Bianchini começa a explorar o mercado doméstico com um dos mais promissores subprodutos da soja: o biodiesel

A supersafra de grãos colhida em 2013 fez catapultar os resultados da Bianchini. No ano, o faturamento bruto da empresa, especializada no processamento e comercialização de soja e derivados, deu um salto de 45% – e chegou a quase R$ 2,4 bilhões. Cerca de 80% das vendas se destinaram ao exterior, especialmente à União Europeia e à China, principais compradores da empresa. “Tradicionalmente, a Bianchini se destaca por ter uma forte estrutura voltada à exportação”, afirma Antin Bianchini, diretor executivo da companhia – que, não por acaso, é a maior do setor de Comércio Exterior no ranking 500 MAIORES DO SUL.

Aos poucos, porém, começa a ficar evidente uma importante mudança no perfil dos negócios da Bianchini: a elevação do peso relativo das vendas no mercado doméstico. Até 2012, pouco mais de 93% das receitas da companhia vinham de fora do país. Em 2013, o percentual caiu para 80% – e nada impede que se reduza um pouco mais. Um processo que reflete a entrada da Bianchini em um novo ramo: o biodiesel.

A empresa dá atenção a esse segmento desde 2010, quando o governo federal lançou o Plano Nacional de Agroenergia. A partir dali, investiu na construção de uma planta dedicada à produção de biodiesel em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. Os resultados da usina, inaugurada em 2012, começaram a ser computados no ano passado, quando a Bianchini passou a vender o combustível regularmente por meio dos leilões da Agência Nacional de Petróleo (ANP). “Havia uma necessidade de fincarmos pé no mercado interno”, revela Antin Bianchini. Para abastecer essa frente, a companhia utiliza parte de sua própria produção de óleo de soja bruto. O resultado é um produto que, embora ainda ocupe um espaço pequeno na matriz energética nacional, tem grande potencial para crescer. E faz o mercado brasileiro ganhar espaço nos negócios da Bianchini.

Para este ano, porém, a previsão de Bianchini é de que as vendas domésticas se mantenham no patamar de 20% do total. “Esse é, ainda, um mercado controlado. Trabalhamos num espaço confinado, que é o limite da mistura de biodiesel no óleo diesel”, pondera Bianchini. Só que o limite vem se expandindo. Em maio, o governo federal aprovou um aumento no percentual de biodiesel adicionado ao óleo diesel – de 5% para 6%, a partir de julho, e de 6% para 7%, em novembro.

Soja em alta

Ao que tudo indica 2014 será mais um ano de recordes na safra de soja – o que deve impulsionar mais uma vez os negócios da Bianchini. Nos primeiros sete meses deste ano, o volume de exportações do grão e seus derivados cresceu 16,6% em relação ao mesmo período de 2013. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) prevê que a oleaginosa ultrapasse o minério de ferro e encerre o ano como líder da pauta de exportações brasileiras. Entretanto, o valor das vendas do grão pode sofrer uma queda. “A cotação permaneceu num patamar elevado em 2013, na casa de US$ 533 por tonelada. Este ano, o preço não passará dos US$ 505”, acredita José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Cada vez mais diversificada, a Bianchini mostra que tem condições de extrair bons resultados – mesmo nessa conjuntura.

Maiores por Receita Bruta:

Posição Class. Geral Grupo/Empresa UF Receita Bruta* Variação Receita (%)
1 49 Bianchini S/A Indústria, Comércio e Agricultura RS 2,389.37 45.12
2 305 CPA Trading S/A PR 240.54 (16.09)
3 376 South Service Trading S/A RS RS 202.68 71.49
4 490 Brasilmad Exportadora S/A PR 131.27 40.34
*Em R$ milhões.

Mais Rentáveis:

Posição Class. Geral Grupo/Empresa UF Rent. Rec. Líquida (%) Lucro Líquido*
1 376 South Service Trading S/A RS 2.04 4.11
2 490 Brasilmad Exportadora S/A PR 1.75 2.08
3 49 Bianchini S/A Indústria, Comércio e Agricultura RS 0.96 22.29
4 305 CPA Trading S/A PR PR (4.99) (11.82)
*Em R$ milhões.