
Ontem (28), autoridades do setor e parlamentares de diversas legendas se reuniram com o objetivo de instruir o Projeto de Lei do Senado (PLS 219/10), que dispõe sobre a Política Nacional para os Biocombustíveis. A audiência foi realizada pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado Federal.
O presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), senador Acir Gurgacz (PDT-RO), abriu a audiência contando um pouco sobre o surgimento do Projeto de Lei do Senado (PLS 219/10) e ressaltou as vantagens socioeconômicas e ambientais do uso dos biocombustíveis. O presidente da Comissão destacou que, em março de 2012, a representação brasileira no Parlamento do MERCOSUL (Parlasul) aprovou parecer favorável ao PLS 219/10. Segundo o projeto, a produção nacional de biocombustíveis irá seguir as diretrizes de proteção ao meio ambiente, conservação da biodiversidade, utilização racional de recursos naturais e respeito à função social da propriedade, ao trabalhador e à livre concorrência.
A Política Nacional para os Biocombustíveis, ainda segundo a proposta, deverá ser compatibilizada com a Política Nacional de Mudanças Climáticas. Para isso, um de seus objetivos deverá ser estimular a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa por meio do uso de biocombustíveis.
Entre as autoridades do setor convidados para compor a mesa, o primeiro explanar foi o presidente do Conselho Superior da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Juan Diego Ferrés.
Em sua apresentação, Ferrés destacou que a queima de combustíveis fósseis em uso excessivo provocou o maior problema da atualidade que se refere às mudanças climáticas. “O grau de incerteza quanto ao futuro está colocado. A situação é grave e ainda não se enxerga claramente como isso pode ser controlado. O biodiesel é isento de hidrocarbonetos, principalmente os cíclicos, que nas emissões dos derivados de petróleo são comprovadamente cancerígenos, portanto, afetam significativamente a saúde humana”, disse.
Após salientar as vantagens socioeconômicas e ambientais do uso do biodiesel, Ferrés destacou o vanguardismo brasileiro da produção de biocombustíveis através de iniciativas como o etanol e a consolidação de uma ambiciosa agenda de produção de biodiesel iniciada no ano de 2005. Segundo Diego, “são enormes os potenciais que o Brasil reúne para, além de produzir o combustível ambientalmente correto, ampliar sua capacidade interna de fomentar o desenvolvimento”, disse.

Diante de uma capacidade de produção ociosa que já permite atender de imediato uma mistura B10, Diego Ferrés afirmou que, o atraso ocorrido entre 2010 e 2013, período em que a produção de biodiesel praticamente estagnou, além da falta de perspectiva para a aprovação de um novo marco regulatório, desestimulam novos investimentos e podem criar um cenário de crise para o setor.
Ferrez enfatizou também o uso específico do B20 Metropolitano no transporte urbano, ampliando as iniciativas que já existem, como os 2.000 ônibus da Ecofrota da Viação Itaim Paulista (VIP), projeto realizado em parceria com a empresa B100, uma das associadas à Ubrabio, e a prefeitura de São Paulo. A iniciativa é um exemplo de sucesso e mostra os benefícios que o biodiesel representa para a melhoria na qualidade do ar das capitais e o potencial para uso nas cidades-sede da Copa do Mundo FIFA 2014 e Olimpíadas 2016.
O presidente do Conselho Superior da Ubrabio encerrou seu discurso reivindicando, de imediato, uma mudança para a mistura B7 com progressivos aumentos até 2020, visando a mistura B20, com a meta de B10 para 2016. “A previsão do novo Marco Regulatório, do uso combinado da mistura obrigatória progressiva aliada ao B20 Metropolitano, permitirá ampliar os benefícios socioeconômicos e ambientais já observados nos primeiros anos do uso do biodiesel no país”, afirmou.
A superintendente adjunta da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Cristiane de Andrade Monteira, em seu breve discurso, destacou o relevante papel desempenhado pela agência para o setor de biocombustíveis: “A ANP está empenhada em não só trabalhar na parte de implementar as políticas e regulamentar o mercado, mas de estimular a inovação no sentido de estar trazendo novas tecnologias que viabilizem a diversificação cada vez maior da nossa matriz energética”, disse.
Segundo Cristiane, “ao longo dos anos, desde que o programa começou, nós já publicamos 5 novas resoluções buscando acompanhar essa evolução e estimulando o desenvolvimento desses novos combustíveis. Nós temos resoluções voltadas para o uso de misturas de biodiesel que hoje são maiores que 5% , destacou.
Cristiane prosseguiu informando que, a partir de autorizações da ANP, muitas experiências foram realizadas. As autorizações permitem um controle sobre o que está sendo usado, os volumes, e quais são os agentes utilizados nestes biocombustíveis. “Recentemente nós publicamos uma resolução que é pra biocombustíveis não especificados. A resolução serve, justamente, para todas essas iniciativas como as do uso do B20 em São Paulo, de uso de etanol em ônibus, de uso de diesel proveniente de cana-de-açúcar em ônibus e, no caso de Curitiba, a experiência com a mistura B100”, disse.
Também discursaram na audiência pública:
· Miguel Nery – Gerente de Projetos da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI)
· Francesco Giannetti – Assessor Jurídico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica)
· Júlio Cesar Minelli – Diretor Superintendente da Associação dos Produtores do Biodiesel do Brasil
Também participaram os parlamentares:
· Senador Sérgio Souza (PMDB-PR) – relator da PLS 219/210 que dispõe sobre a Política Nacional para os Biocombustíveis.
· Senador Waldemir Moka (PMDB-MS)
· Senador Romero Jucá (PMDB-RR)
· Senador Casildo Maldaner (PMDB-SC)
· Senador Sérgio Souza (PMDB-PR)