A ABIOVE – Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais, entidade que reúne empresas processadoras de soja, participa da formulação do Plano Nacional de Armazenagem. A entidade acredita que o caminho a ser percorrido para enfrentar o enorme desafio de movimentar 81 milhões de toneladas de soja, volume preliminarmente estimado para a próxima safra do ano agrícola 2012-2013, para os centros de consumo e portos de exportação, deva passar pelo tripé de investimentos: construção de armazéns nas propriedades rurais, capacitação de mão de obra e melhoria das condições de logística no Brasil.

Problemas estruturais de infraestrutura logística e de armazenagem representam obstáculos sérios para todos os segmentos da cadeia da soja: produção, comercialização, industrialização e exportações. No caso do milho, a falta de armazéns coloca em risco parte da atual safra recorde do Mato Grosso, pois uma parcela da colheita permanece nas fazendas a céu aberto, sujeita a intempéries que deterioram a qualidade dos produtos.

Mais de 35 milhões de toneladas de soja atendem atualmente à demanda da indústria de processamento, cujo destino é a produção de farelo proteico para a alimentação de frangos e suínos, óleo alimentício e biodiesel.

Silos e armazéns em áreas estratégicas para o recebimento da produção constituem o primeiro elo da cadeia logística. A expansão da infraestrutura de armazéns nas regiões produtoras, especialmente nas propriedades rurais, é fundamental para a melhoria das condições de armazenagem e comercialização dos grãos.

Há correlação entre a expansão da infraestrutura de armazéns e a melhoria da competitividade da cadeia produtiva, com aumento da rentabilidade do produtor. Isso porque a movimentação dos produtos, ao longo do ano, passa a ser mais bem distribuída. Evitam-se, com isso, o deslocamento por longas distâncias no período de pico da oferta (colheita) e fretes mais elevados. Além disso, passa a haver o beneficiamento imediato do produto no local. A consequência é o fornecimento de grãos armazenados com melhor qualidade.

A ABIOVE entende que para a sustentação do tripé de investimentos é fundamental a ação do governo federal. Isso porque a construção de estruturas armazenadoras requer a formação e ampliação de linhas de crédito com taxas de juros competitivas para os produtores rurais.

Em relação à mão de obra, a ação de investimentos na formação profissional para armazenagem e atividades de beneficiamento do grão tem uma relação positiva direta na redução de problemas de qualidade. Atualmente, verificam-se formação técnica insuficiente de funcionários e pouca disponibilidade de trabalhadores aptos para a atividade de estocagem durante a safra.

A melhoria do atual cenário de armazenagem passa por investimentos tanto na ampliação da capacidade estática como na diversificação nos modais de transporte. O predomínio do modal rodoviário, sem melhoria e ampliação das condições existentes no transporte da produção agrícola, prejudica a capacidade de armazenagem no escoamento da safra. A participação reduzida das ferrovias e hidrovias é um ponto fraco na logística de um país que possui dimensões continentais.

O anúncio, em 15 de agosto, do Programa de Investimentos em Logística: Rodovias e Ferrovias, pela presidente Dilma Rousseff, vem em boa hora e poderá dinamizar os investimentos privados nessa área. Entretanto, para a superação das restrições de armazenagem é necessária à ação do governo federal, a fim de criar condições favoráveis à realização de investimentos, tendo presente que se trata de uma atividade de retorno lento e menos atrativa ao setor privado.