Com intuito de desenvolver ações voltadas para o desenvolvimento da macaúba para os agricultores familiares da região Nordeste do Brasil, os pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, juntamente com representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, estiveram reunidos na semana passada (05 e 06/11), para tratar dessas ações de desenvolvimento da espécie que hoje vem sendo cada vez mais visada como matéria-prima para a agroenergia.

A intenção da ação é compartilhar e, ao mesmo tempo, planejar atividades no âmbito do Projeto MACSAF, que tem como objetivo a produção de macaúba em sistemas agroflorestais para gerar alimentos e matéria-prima para bioenergia, explica Alexandre Cardoso, pesquisador da Embrapa Agroenergia e coordenador do Projeto. A iniciativa integra o Programa para Desenvolvimento de Cultivos Alternativos para Biocombustíveis do “World Agroforestry Centre” – ICRAF, financiado pelo “International Fund for Agricultural Development” – IFAD.

Os trabalhos conduzidos no Nordeste nos campos experimentais da Embrapa Meio-Norte, em Parnaíba, Piauí e da Embrapa Algodão, em Barbalha, na região do Cariri cearense, estão relacionados ao cultivo da macaúba e ao seu uso em sistema agroflorestais, explica o pesquisador da Embrapa Meio-Norte, Humberto Umbelino.

Na região do Cariri cearense, destaca o biólogo da Embrapa Algodão Gildo de Araújo, o aproveitamento da macaúba por via extrativista já ocorre tradicionalmente. Araújo salienta: “a macaúba é uma boa opção para agricultores da região, principalmente integrada com outras culturas, visando ganho ambiental e social”.

Sobre o potencial da macaúba, Nilton Junqueira, pesquisador da Embrapa Cerrados, considera que é uma boa alternativa para o Nordeste, tanto como matéria-prima para biocombustível como para alimento, por se tratar de uma planta rústica, aparentemente bem tolerante à seca e sem ser acometida por pragas importantes em seu habitat natural. “No entanto, pragas exóticas vindas de outros continentes podem se tornar um problema pelo fato de não terem evoluído com essa planta”, salientou o pesquisador. Outra preocupação do pesquisador se refere à necessidade de estudos sobre os polinizadores e mecanismos de polinização da macaúba, considerando a sua dependência desses processos.

Em 2016, serão ampliadas as ações de pesquisa, com os experimentos de avaliações de genótipos. A partir janeiro, o pesquisador da Embrapa Agroenergia, Bruno Laviola, pretende avaliar cerca de vinte genótipos selecionados para produção de óleo em duas regiões do nordeste. “Nós iremos buscar materiais mais produtivos, pois queremos que esses ajudem em uma potencial produção comercial da macaúba”, diz.

A Macaúba é bem distribuída no território nacional, sendo que na região Nordeste, o Ministério do Desenvolvimento Agrário realizou o levantamento preliminar dos maciços de macaúba, tendo sido identificada a presença da macaúba nos estados do Ceará, Maranhão, Píaiu, Pernambuco e Paraíba, relata Haroldo Oliveira, da Coordenadora de Biocombustíveis do MDA. Oliveira também salientou, durante o workshop, que a intenção é aplicar as atividades desenvolvidas pelo MDA dentro do Programa Nacional de Produção de Biodiesel e estimular a agricultura familiar a desenvolver atividades com a macaúba, inclusive com o suporte do Selo Combustível Social.

Durante o evento, Haroldo também apresentou o manual de boas práticas que foi desenvolvido pelo próprio Ministério destinado exclusivamente para os agricultores familiares.

Também foram discutidas no evento ações voltadas para a geração de tecnologias agroindustriais para obtenção de energia e aproveitamento de subprodutos, além de estudos socioeconômicos e ambientais, componentes tão importantes quanto os estudos agronômicos para viabilizar o aproveitamento sustentável da macaúba.

Assista aos vídeos produzidos pela Embrapa que divulgam trabalhos com macaúba:

Vídeos

Documentário Energia Verde Amarela

Documentário Energia Verde Amarela – Biodiesel

Macaúba:

Mais informações
No site da Embrapa – www.embrapa.br/agroenergia – podem ser lidas outras matérias e publicações a respeito das pesquisas com macaúba ou junto ao Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)