Durante o VII Encontro de Pesquisa e Inovação, o diretor superintendente da Ubrabio destacou a qualidade do biodiesel e os benefícios do seu uso
A transição energética e o potencial de descarbonização dos biocombustíveis foi o tema do painel que o diretor superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Donizete Tokarski, participou na tarde desta quarta-feira na sede da Embrapa, em Brasília. “Não podemos admitir quando dizem que o biodiesel é de péssima qualidade. O biodiesel é desenvolvimento tecnológico, é um dos temas que mais tem artigos publicados nos últimos anos. Já foi aprovado pelos testes para uso de 15%, porém ainda há setores na sociedade que condenam o uso. Enquanto isso, nos Estados Unidos, o mesmo fabricante usa 20%. Porque nós temos que ficar limitados?”, questionou Tokarski.
Além da qualidade do biodiesel, Donizete também ressaltou a grande capacidade produtiva de biocombustível no Brasil e seu nível de ociosidade. “Hoje temos 60 indústrias, em 15 estados da federação, que possuem capacidade de produzir 14,6 bilhões de litros por ano. Porém, só vamos produzir 7,2 bilhões de litros, ou seja, temos uma ociosidade de 50%”.
Apesar dos benefícios da adoção de biocombustíveis, Donizete destacou a falta de apoio para a sua exploração. “A Embrapa e a Petrobras são duas das principais empresas que representam o Brasil no exterior. O que isso tem a ver com transição energética? Uma produz combustível fóssil e defende o uso permanente deste combustível, o que dificulta o processo de avanço dos biocombustíveis. Enquanto a Embrapa esbarra na falta de recursos para financiar pesquisas no setor”, declarou.
O superintendente da Ubrabio ainda abordou a qualidade da produção de soja no Brasil. “O nível tecnológico da produção de soja é de excelência, mas, hoje, a sua penalização é a pior que temos. Enquanto que o etanol está lá na casa de 85%, o biodiesel da soja é de 40%. Nós precisamos avançar, não podemos ficar num patamar que coloca até as próprias manifestações da Embrapa em cheque. Ora, temos alta tecnologia, excelência no processo de produção, agricultura de baixo carbono, integração lavoura, agropecuária e floresta. Não podemos ficar reféns de fake news”, disse.
Para Donizete, é preciso considerar os diversos fatores ligados ao biodiesel: econômicos, sociais, ambientais e de saúde pública. “Essa contabilidade tem que ser feita. Se avançarmos com nossa capacidade de produção efetiva, nós melhoramos a vida de cada um de vocês”, concluiu.
O evento VII Encontro de Pesquisa e Inovação, que tem como objetivo debater sobre “Bioeconomia e Agricultura”, com ênfase nos desafios para promover a descarbonização e a circularidade na indústria nacional, segue até amanhã na sede da Embrapa em Brasília-DF.