A decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de manter a mistura do biodiesel no diesel vendido no país em 10% até o fim de março de 2023 não considerou os graves danos que os combustíveis fósseis causam ao meio ambiente e à saúde humana. A afirmação é do diretor superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Donizete Tokarski, durante participação no seminário “As Externalidades da Política Nacional de Biodiesel”, realizado na terça-feira (22) pela Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio), na Câmara dos Deputados.

Para Tokarski, a decisão do CNPE não leva em conta a descarbonização que o setor de biocombustíveis proporciona, em especial o biodiesel. “É uma decisão que demonstra uma falta de clareza da contabilidade socioeconômica e ambiental. No ano passado, tomaram a decisão de reduzir a mistura do biodiesel com base em uma única questão: preço. No entanto, o preço do biodiesel hoje é bem próximo do diesel fóssil. Hoje, a diferença do preço do diesel de um posto para o outro é maior do que a diferença do preço do biodiesel para o diesel fóssil”, disse o dirigente da Ubrabio, ao lembrar que a produção de biodiesel também reduz a necessidade de importação do diesel fóssil pelo Brasil.

Tokarski lembrou ainda que nos países do hemisfério Norte o diesel S500 já foi banido, em função da alta geração de partículas poluidoras que ocasiona problemas cardíacos e respiratórios na população. Ele também citou o exemplo do Chile, onde se utiliza o diesel com teores de enxofre abaixo de 15 partes por milhão (PPM).

“O Brasil ainda utiliza o diesel S500. Cada mil litros de S500 utilizado, meio quilo de enxofre é jogado no ar, para nós respirarmos. Nós estamos diante de um quadro muito ruim para a sociedade, para a opinião pública. O hemisfério Norte está dando a resposta. Não se utiliza mais o S500 lá. Nem o nosso vizinho, o Chile, utiliza mais esse combustível”, pontuou Tokarski.