Caso a decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de fixar em 10% o percentual da mistura de biodiesel no diesel fóssil até março de 2023 seja mantida, há risco real de quebradeira no setor. O alerta é da secretária de Economia do governo de Goiás, Cristiane Alkmin Junqueira, uma das palestrantes do seminário “As Externalidades da Política Nacional de Biodiesel”, realizado pela Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio) nesta terça-feira (22), no auditório Freitas Nobre, na Câmara dos Deputados.

“O Brasil não pode perder essa oportunidade de ser de fato um líder nesse setor. Já fizemos mais de R$ 10 bilhões de investimentos quando começou essa política, temos compromisso com o Acordo de Paris. E, hoje, temos uma total falta de previsibilidade com o setor. Manter o B10 até março de 2023 é complicado, justamente pela capacidade ociosa que temos hoje”, disse a secretária, relembrando ainda que hoje, além da alta ociosidade, o setor sofre com a ameaça de concorrência desleal com países exportadores de biodiesel.

A secretária lembrou que, além de o país ter um mercado pulverizado, as indústrias de biodiesel estão com uma capacidade ociosa de mais de 50%, e que uma eventual abertura de mercado para importação de biodiesel aumentaria ainda mais essa ociosidade.

“A quantidade de demanda é única, é de 7 bilhões de litros anual. Então, ao invés de se estar pensando em importação, teríamos que estar pensando em aumentar a quantidade de biodiesel, de repente um B20. Hoje, temos 57 usinas e elas podem quebrar. Não são usinas que foram alocadas nas capitais, mas sim no interior. Então, esse risco de quebra é preocupante, porque vai gerar desemprego e queda de PIB para o Brasil”, ressaltou Cristiane.