Na última reunião do ano da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Oleaginosas e Biodiesel, o órgão consultivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) discutiu o aperfeiçoamento do programa RenovaBio para considerar o conceito integral de ciclo de vida dos combustíveis, medida que considera a eficiência energética dos veículos desde o “poço à roda”.

Consultor técnico da Ubrabio e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Donato Aranda, explicou que, embora o diesel comum proveniente do petróleo seja mais poluente do que outros combustíveis, essa lógica não se aplica ao biodiesel, combustível feito à base de óleos vegetais e gorduras animais. “O rendimento do veículo do ciclo diesel é 25,3% mais eficiente dos que os veículos do ciclo otto, o que quer dizer que os veículos movidos a diesel consomem menos combustível para rodar a mesma quantidade de km”, explicou.

Aranda reforçou que, ao invés de calcularmos as emissões de CO2 em megajoule, como é feito atualmente, a avaliação que considera o conceito de “poço à roda”, considera as emissões de gás carbônico por quilômetro rodado nos veículos. “A gente não utiliza megajoule no nosso processo de transporte. A gente utiliza quilômetros, milhas, jardas. E, também, é preciso considerar a eficiência energética de cada combustível, bem como sua origem. O próprio hidrogênio pode ter a sua origem em combustíveis fósseis, por exemplo”, disse o consultor da Ubrabio, mencionando que a proposta da entidade é que haja maior comparação entre os diversos tipos de biocombustíveis “de forma isonômica”.

 

Diretor superintendente da Ubrabio e presidente da Câmara Setorial do Biodiesel, Donizete Tokarski reforçou que uma atualização da RenovaCalc para incluir o conceito integral de ciclo de vida dos combustíveis aumentaria a competitividade entre os biocombustíveis, beneficiando não apenas o consumidor, mas também o país.

 

Ele citou ainda que o RenovaBio é uma política destinada a compensar a pegada de carbono, e sua atualização favorece o país no cumprimento das metas estabelecidas nos acordos climáticos. “O próximo governo está assumindo os compromissos de descarbonização e o RenovaBio é um instrumento para se alcançar esse objetivo”, afirmou Tokarski. “A legislação, a regulamentação e os trabalhos técnicos dizem que os biocombustíveis têm que ter uma competitividade entre si, e a análise técnica tem que considerar todo o processo, do poço à roda. Precisamos incorporar esses conceitos no RenovaCalc”, assinalou.

 

Nesta última reunião do ano, a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Oleaginosas e Biodiesel tratou ainda dos demais assuntos referentes aos grupos técnicos de trabalho. Além da discussão sobre o conceito de avaliação do ciclo de vida (ACV) dos combustíveis, a reunião tratou da retomada do aumento da mistura de biodiesel ao diesel fóssil, da ampliação da elegibilidade e diversificação de matérias-primas para produção de biodiesel e do fortalecimento do Selo Biocombustível Social.

Câmaras setoriais

As Câmaras setoriais e temáticas do Ministério da Agricultura são fóruns de discussão entre os diversos elos das cadeias produtivas, reunindo entidades representativas de produtores, empresários, instituições bancárias e de outros parceiros no setor, além de representantes de órgãos públicos e de técnicos governamentais. Nos encontros são discutidas questões de interesse da cadeia produtiva do agronegócio.