Em visita à fábrica de biodiesel da Granol em Anápolis (GO) nesta sexta-feira (30), uma comitiva com representantes dos ministérios da Infraestrutura e Minas e Energia, da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e de companhias aéreas conheceram a capacidade da indústria brasileira para produzir outros biocombustíveis além do biodiesel, inclusive bioquerosene de aviação, para atender à demanda do transporte aéreo do país a médio prazo.

Apresentados ao complexo industrial pelos dirigentes da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) e pelos gerentes da unidade industrial da Granol de Anápolis, os representantes dos ministérios, da ANAC e de outros setores do governo consideraram que a inclusão da produção de bioquerosene dentro do programa de biocombustíveis do governo é um caminho sem volta.

“Esta é uma agenda que não tem volta, nós do governo estamos investindo nela e este processo inclui a produção de bioquerosene de aviação. Nós temos investido nesses selos verdes na expectativa de que essa indústria cresça no país”, disse o secretário executivo do ministério da Infraestrutura, Marcelo Sampaio.
“Nós sabemos da importância dessa agenda para atrair investimentos internacionais para o Brasil. Então, esse é um esforço do governo federal como um todo”, acrescentou Sampaio.

Transporte aéreo
Durante a visita, o diretor de Biocombustíveis de Aviação da Ubrabio e comandante da GOL Linhas Aéreas, Pedro Scorza, apresentou as projeções da companhia para zerar as emissões de carbono pelas aeronaves da empresa, prevista para 2050, o que será possível com o uso do bioquereosene para substituir o combustível fóssil por outro renovável.

“A GOL tem meta definida de balanço líquido de carbono zero em 2050. E para atingir esta ambiciosa meta irá necessitar de todas as oportunidades existentes e futuras, além da utilização de créditos de carbono de forma complementar”, disse Scorza.

Segundo Scorza, a utilização do combustível de aviação sustentável (SAF em inglês), será necessária para atingir estas metas. “No Brasil necessitamos de um marco regulatório que viabilize a indústria produtora, não gere distorções de mercado e que não inviabilize a sustentabilidade financeira das companhias aéreas”, observou o executivo.

O gerente da unidade da Granol em Anápolis, Osmar Albertini, ressaltou a capacidade de produção de biodiesel daquela unidade industrial e sua localização estratégica, próxima a duas ferrovias, a Norte Sul e a Ferrovia Centro-Oeste, e a rodovias federais em uma região com abundância de matéria prima com produção crescente.

“O passo para passar do biodiesel para um biocombustível mais nobre é uma questão de segurança do consumo. Isto vai requerer da empresa um investimento elevado e, em contrapartida, precisamos ter a certeza do consumo dessa nova produção”, disse Albertini. Atualmente a unidade da Granol em Anápolis esmaga 2.900 toneladas de soja para a produção de 1.550 metros cúbicos de biodiesel diariamente.

O diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokasrki, apresentou aos visitantes vários estudos reunidos pela entidade sobre as externalidades positivas da produção e uso de biocombustíveis, e do biodiesel em especial, na economia, com ampliação da industrialização e geração de emprego e renda no segmento, além dos reflexos na saúde pública e no meio ambiente.

“O uso dos biocombustíveis, e entre eles o bioquerosene de aviação que teremos no futuro próximo, pode melhorar a qualidade do transporte aéreo nacional, mitigando os impactos ambientais decorrentes da poluição que a aviação civil causa”, disse Tokarski. Atualmente, cerca de 2% da poluição mundial é decorrente do transporte aéreo.

Também participaram da visita técnica o coordenador-geral do RenovaBio do ministério de Minas e Energia, Fábio da Silva Vinhado, o Diretor da ANAC, Rogério Benevides Carvalho, o superintendente de Regulação Econômica de Aeroportos, Adriano Miranda, o assessor de biocombustíveis (ASINT), Darlan Silva dos Santos, o superintendente João Souza Dias Garcia, a chefe da Assessoria Internacional e do Meio Ambiente, Marcela Braga Anselmi, Rafael Botelho Faria, superintendente (SAI), Roberto José Silveira Honorato (SAR).

Acompanharam o evento a coordenadora do laboratório de tecnologia de biocombustíveis da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Nataly Albuquerque dos Santos, a coordenadora da rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Renováveis para Aviação, Amanda Gondim, do chefe da assessoria da Frente Parlamentar do Biodiesel (FPBio), João Henrique Hummel, além de Julio Valente, conselheiro da Ubrabio, Igor Tokarski, presidente da Comissão Nacional de Bioeconomia do Conselho Federal da OAB, e do chefe de operações e segurança da Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (ALTA), Virginio Augusto Corrieri de Castro.

O tema bioquerosene de aviação será debatido na II Biodiesel Week que acontecerá de 09 a 13 de agosto, promoção da Ubrabio, em parceria com a Embrapa Agroenergia e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Veja programação completa aqui.