Depois das capitais dos estados de São Paulo e do Paraná anunciarem investimentos nas chamadas ecofrotas – frotas de ônibus de transporte municipal que utilizam como combustível biodiesel, etanol e energia elétrica – agora é o Rio de Janeiro que irá colocar nas ruas ônibus menos poluentes. O governo fluminense anunciou nesta terça-feira (05/07) que dentro de dez dias, pelo menos 30 ônibus de linhas regulares vão iniciar os testes com a adição de 30% de biodiesel de cana-de-açúcar. O anúncio foi feito após a prefeitura receber a autorização do Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
Segundo as autoridades locais, os testes com a ecofrota vão até setembro de 2012. Até este período, serão avaliados os efeitos positivos da mistura e a redução de emissões de poluentes atmosféricos, com base em relatórios mensais emitidos pela Federação de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor). Ainda de acordo com o Inea, todos os veículos testados foram fabricados depois de 2000.
Dados preliminares do Inea apontam que o biodiesel de cana-de-açúcar reduzem significativamente os teores de óxidos de enxofre, monóxido de carbono e hidrocarbonetos emitidos no ar. Na cidade do Rio de Janeiro, pelo menos 77% destas substâncias são oriundas de motores de veículos que utilizam apenas o óleo diesel convencional. Apesar da ecofrota carioca estar prestes a circular, a Fetranspor ainda não definiu quais linhas utilizarão o B30.
No último mês de junho, a ecofrota de ônibus também foi anunciada na capital paranaense, Curitiba. Neste caso, foi a Volvo, empresa fabricante de veículos pesados, quem fez o anúncio da implantação de uma frota especial, movida a eletricidade e biodiesel. A prefeitura investiu R$ 200 milhões em 60 ônibus, também chamados de hibribus. Luciano Ducci, prefeito da cidade, disse que a capital
passará a fabricar estes veículos híbridos, mas ele não informou quando a Volvo inicia a linha de produção. Neste caso, o aporte será de R$ 16 milhões. “O desenho do chassi do hibribus será feito todo em Curitiba”, declarou Ducci, no dia do lançamento. O chassi do hibribus é padrão, na configuração 4X2 eixos e o motor tem tecnologia similar à usada na Fórmula 1, que transforma energia mecânica em energia elétrica.
O ônibus tem dois motores, um a biodiesel e outro elétrico, que funcionam em paralelo ou de forma independente. O motor elétrico é utilizado para arrancar o ônibus e acelerá-lo até uma velocidade de aproximadamente 20 quilômetros por hora, e também como gerador de energia durante as frenagens. O motor biodiesel entra em funcionamento em velocidades mais altas. A cada vez que se acionam os freios, a energia de desaceleração é utilizada para carregar as baterias. Quando o veículo está parado, o motor biodiesel fica desligado. Estudos da Volvo demonstraram que o tempo que o veículo fica parado pode representar até 50% do período total de operação do ônibus. Durante todo esse tempo, não há emissões de poluentes, pois o motor biodiesel se “apaga” completamente.
A capital do estado de São Paulo foi a primeira a lançar mão da frota ecológica. Em fevereiro deste ano, passaram a circular na capital 1200 veículos B20 (20% de biodiesel adicionado ao combustível convencional). Uma das empresas fornecedoras do biodiesel é a Camera Agroalimentos, empresa gaúcha situada em Santa Rosa (RS). Neste caso, a matéria-prima utilizada é a soja, que vem da agricultura familiar.
Dados preliminares já indicaram que a emissão de dióxido de carbono foi reduzida em 2% no centro da cidade. Atualmente, a cidade tem uma frota de 15 mil ônibus. A lei de mudança do clima prevê que até 2018 toda a frota circule com combustível mais limpo.
A Prefeitura também testa outras tecnologias de combustíveis mais limpos. Em novembro de 2010, foi anunciada a compra de 50 ônibus movidos a etanol. Em março, começaram a ser realizados testes com o ônibus híbrido, que tem motor a diesel e também é movido a energia elétrica, semelhante ao usado em Curitiba.
Globo Rural