03/07/2020 – Ao reconhecer que a fabricação de veículos com zero emissão de carbono não será suficiente para garantir a descarbonização da frota dos EUA (uma das maiores do mundo) o pacote de diretrizes lançados pelos democratas americanos – batizado de Solving the Climate Crisis – traz uma aposta na implementação de políticas que mudem os combustíveis e não apenas os carros.
A presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, e a deputada Kathy Castor, divulgaram esta semana o conjunto de medidas, que tem como meta neutralizar as emissões de gases do efeito estufa da economia americana em 30 anos. Na contramão do que pregam os republicanos e o governo de Donald Trump, o plano cria uma base para discussão da pauta climática nas eleições deste ano.
É extenso. O documento de 547 páginas trata de vários aspectos da produção e consumo de energia. Sobre combustíveis, há uma aposta numa política similar ao programa brasileiro RenovaBio e ao californiano Low Carbon Fuel Standard (LCFS).
O projeto vê uma janela de oportunidade em 2022, para migrar a política nacional vigente (o Renewable Fuel Standard, RFS) para um modelo como o LCFS – um incentivador para os combustíveis renováveis.
“Em 2018 e 2019, biodiesel, diesel renovável e etanol geraram cerca de 75% dos créditos de LCFS do estado [da Califórnia]”, cita.
Para o Brasil, o avanço de políticas no exterior aderentes ao RenovaBio pode representar a ampliação do mercado para os créditos de carbono emitidos a partir do abatimentos de emissões aqui. “RenovaBio ganharia força e poderia se integrar ao mercado americanos como serviço de redução de emissões”, explica Miguel Lacerda, diretor de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia.
No caminho de uma mudança em políticas federais para o clima nos EUA há não apenas uma eleição. O Solving the Climate Crisis é uma proposta de uma comissão da Câmara dos Representantes, liderada, mas não exclusiva, do partido Democrata…
..E é também mais conservador que o Green New Deal de Alexandria Ocasio-Cortez, conjunto similar de diretrizes, mas que antecipava para 2030 a limpeza da matriz de geração de energia americana, com uma mão mais pesada do Estado – e foi, em parte, rejeitado junto com a derrotada de Bernie Sanders nas primárias democratas.
Fonte: epbr