Um forte declínio na demanda por combustíveis fósseis até 2035 e uma queda nos valores dos ativos é provável, de acordo com simulações dos pesquisadores

A demanda por combustíveis fósseis poderá cair repentinamente nas próximas décadas com o barateamento da tecnologia de energia limpa e à medida que os investidores começarem a exigi-la, concluiu um grupo de pesquisadores liderado por acadêmicos da Universidade de Cambridge.

O impulso por trás da mudança tecnológica na indústria de energia e os limites impostos de US$ 1 trilhão a US$ 4 trilhões do valor da economia global apenas em ativos de combustíveis fósseis, concluíram os pesquisadores. Uma queda dessa magnitude representaria muitas vezes o prejuízo de US$ 250 bilhões desencadeado pela crise financeira de 2008.

O resultado provavelmente será um forte declínio na demanda por combustíveis fósseis até 2035 e uma queda nos valores dos ativos, concluíram os pesquisadores, citando simulações econômicas preparadas por eles. O estudo indica que, mesmo que não sejam adotadas novas políticas climáticas, atingiu-se um ponto de inflexão que torna invendáveis muitos ativos das maiores empresas de energia.

“Contrariando as expectativas dos investidores, o encalhe dos ativos de combustíveis fósseis pode ocorrer mesmo que não haja novas políticas climáticas”, disse Jorge Viñuales, coautor do estudo da Universidade de Cambridge. “Isso sugere que está se formando uma bolha de carbono e que é provável que ela estoure.”

O HSBC Global Asset Management está entre os 250 administradores de riqueza que pedem que as empresas que detêm coloquem seus programas de investimento em sintonia com o Acordo de Paris. Uma queda nos preços dos combustíveis fósseis poderia provocar o estouro de uma “bolha de carbono”, segundo o estudo publicado na revista Nature Climate Change.

Haverá vencedores e perdedores econômicos claros, segundo os resultados, que incluíram contribuições da Radboud University, da Open University, da Universidade de Macau e da Cambridge Econometrics.

“Se os países da Opep mantiverem os níveis de produção em meio à queda dos preços, haverá uma debandada no mercado”, disse Hector Pollitt, da Universidade de Cambridge e da Radboud University, coautor do estudo. “Os países da Opep serão os únicos capazes de produzir combustíveis fósseis com os baixos custos necessários, e exportadores como EUA e Canadá não conseguirão competir.”

Repórter da matéria original: Mathew Carr em London ©2018 Bloomberg

Fonte: InfoMoney