O aumento imediato da mistura obrigatória de biodiesel no diesel comercializado no Centro-Oeste para 15% (B15) terá um efeito quatro vezes mais efetivo que a retirada da Cide do óleo diesel, segundo o setor de biodiesel. Representantes da cadeia produtiva apresentaram a proposta de elevação do percentual que atualmente é de 10% ao ministro de Minas e Energia, Moreira Franco nesta tarde (23/05).

O objetivo é apresentar uma contribuição efetiva para o aumento do preço dos combustíveis, que gerou a greve dos caminhoneiros que já provoca desabastecimento em várias cidades do país.

“Há pelo menos dois anos, o biodiesel é mais barato que o diesel na região Centro-Oeste, grande produtora de grãos e biodiesel. Em 2017, só o estado de Mato Grosso foi responsável pela fabricação de mais de 900 milhões de litros do biocombustível, dos 4,2 bilhões que foram produzidos pelo país”, esclarece Donizete Tokarski, diretor superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio).

Segundo os cálculos apresentados ao ministro, o B15 no Centro-Oeste pode deixar o diesel R$ 0,13 mais barato na região, enquanto o impacto da retirada da Cide será de apenas R$ 0,03.

As propostas também incluem:

– entrada do B11 obrigatório (11% de biodiesel) em março do ano que vem, em todo o território nacional e evolução de 1% ao ano até B15, com revisão das metas do RenovaBio;

– evolução de B16 a partir de 2024 até B20 em 2028 (1% a.a.);

– conclusão dos testes de B20 até dezembro de 2019;

– alteração da Portaria MME n° 516/2015 para permitir o uso agrícola voluntário do B20, além do B30;

– criação de grupo de trabalho para adoção do B100.

Para Tokarski, a previsibilidade é a palavra-chave para garantir competitividade e atratividade. A previsibilidade também foi destacada pelo ministro Moreira Franco, que recebeu a proposta com “simpatia” e estabeleceu a criação do grupo de trabalho.

“O setor gostaria de contribuir para solucionar essa questão do preço do diesel com aumento da mistura a nível nacional, mas por questões de oferta, a solução mais efetiva é adotar o B15 no Centro-Oeste, de onde saem os caminhões para escoar a produção nos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR), principalmente”, justificou o deputado Evandro Gussi (PV-SP), presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel.