Uma parceria entre cooperativas de catadores de materiais recicláveis de Recife (PE) e o Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene) vai gerar emprego e renda por meio da transformação do óleo de cozinha descartado em biodiesel. Com participação da Cáritas Brasileira, o projeto deve entrar em operação a partir de março, beneficiando, inicialmente, 73 trabalhadores de três cooperativas.

O coordenador de Biocombustíveis do Cetene, James Melo, explica que o biodiesel produzido poderá ser usado por empresas em substituição ao óleo diesel convencional. O reaproveitamento do óleo também vai contribuir para reduzir o descarte inadequado do produto, geralmente depositado nas redes de esgoto.

“O biodiesel gerado na miniusina tem como matéria prima os óleos residuais, contribuindo para reduzir a contaminação das águas dos rios, lençóis freáticos e outras reservas aquíferas, além de proporcionar geração de renda e a possibilidade de melhorar as condições de vida dos catadores de materiais recicláveis”, afirma.

O Cetene também pretende fazer testes com o biodiesel para avaliar a geração de energia elétrica.

Como funciona

Uma pequena usina com capacidade para produzir entre 100 e 200 litros de biodiesel por dia foi construída na cooperativa Pró-Recife com apoio da Cáritas Brasileira. O Cetene contribui com apoio técnico no acompanhamento da qualidade do combustível gerado e no treinamento de pessoal. A construção de outras duas usinas deve seguir o mesmo modelo.

O óleo descartado será recolhido em restaurantes, bares, condomínios e até mesmo nas comunidades próximas às cooperativas. A meta inicial é recolher 3 mil litros de óleo por mês. O representante da Pró-Recife, José Cardoso, explica que a produção do biodiesel pode gerar mais ganhos e vagas de trabalho para os catadores. O suporte do Cetene, na opinião dele, é uma oportunidade de aprendizado.

“Trabalhando por 11 anos com papel, vidro, papelão, a gente viu no óleo uma oportunidade de inovar e ter mais ganhos. Com a capacitação do Cetene, temos um aprendizado maior. O que não aprendi antes na escola, aprendi com eles. O ganho pessoal de cada catador envolvido vai servir para a vida toda”, destaca.