A Terra se aquecerá mais de 2 graus centígrados neste século, conforme um estudo da Universidade de Washington publicado nesta segunda-feira na revista britânica “Nature”.

Segundo a investigação, existe apenas 5% de chance disso não acontecer e 1% de reduzir a temperatura a 1,5, o objetivo marcado pelo Acordo de Paris por 195 países, em 2015.

“A nossa análise mostra que o objetivo de 2 graus apresenta um melhor cenário”, afirmou o diretor da pesquisa, Adrian Raftery, enfatizando que que cumprir a meta de reduzir o aquecimento “é factível” caso aconteça um “esforço importante e sustentado durante os próximos 80 anos”.

Segundo ele, as novas projeções estatísticas mostram que existe 90% chance de a temperatura aumentar entre 2 e 4,9 graus em 100 anos e é “improvável” que os prognósticos mais otimistas se cumpram.

O novo documento leva em conta três aspectos importantes nos quais se sustenta o aumento de emissões de gases causadores do efeito estufa: a população mundial; o PIB per capita; e a quantidade de carbono emitida por cada dólar de atividade, conhecida como a intensidade de emissões de carbono.

Dargan Frierson, outro autor da pesquisa, ressaltou que “os danos causados pelo calor, pela seca, pelo clima extremo e pelo aumento do nível do mar serão muito mais graves se a temperatura subir mais do que 2 graus”.

Uma das grandes surpresas do estudo foi o fato de que o aumento da população terá um impacto inferior ao esperado na mudança climática, pois a expectativa é de que o crescimento aconteça, principalmente, na África, que utiliza pouquíssimas fontes de combustíveis fósseis. A principal preocupação se centra na intensidade da emissões de carbono, porque a velocidade de diminuição deste valor será crucial para determinar o futuro do aquecimento global.

Um estudo da Universidade do Colorado, por sua vez, também publicado na revista “Nature” hoje, diz que se o ritmo das emissões nos próximos 15 anos for mantido, o mais provável é que o aumento da temperatura seja de 3 graus. O pesquisa analisa a capacidade dos oceanos de absorver o carbono, o desequilíbrio energético e o comportamento das partículas finas na atmosfera.

“Esta análise é fundamental para nos entendermos e para que os políticos percebam quanto tempo temos antes de o planeta alcançar determinados limite”, destacou Robert Pincus, um dos autores do estudo.