Cientistas de vários países do mundo estavam reunidos nos Estados Unidos para apresentar as pesquisas em desenvolvimento sobre desconstrução da biomassa lignocelulósica. O Brasil, representado por diversas instituições, também mostrou que está na vanguarda desses trabalhos. Em número de trabalhos expostos o Brasil ficou em terceiro lugar, atrás apenas dos Estados Unidos (1º) e da Coreia do Sul (2º).

Resultados de projetos sobre catalisadores para produção de biodiesel e aproveitamento de açúcares por meio de leveduras para produção de etanol, liderados pela Embrapa Agroenergia, foram expostos no 39th Symposium on Biotechnology for Fuels and Chemicals, que aconteceu no início do mês de maio, em San Francisco.

O pesquisador da Embrapa Agroenergia João Ricardo Moreira de Almeida, fala que participar de eventos importantes na área de atuação ajuda a prospectar parceiros e observar as iniciativas por meio das diferentes visões apresentadas. Além de ter um feedback dos trabalhos que são desenvolvidos, também há a possibilidade de aperfeiçoar outros que também estão em andamento, salienta o pesquisador.

“Observamos que todas as etapas de bioconversão no qual a Embrapa Agroenergia trabalha foram discutidos no evento, o que nos mostra que o caminho que as pesquisas estão sendo direcionadas estão alinhadas às demandas mundiais”.

Os trabalhos

Com o objetivo de melhorar a cadeia produtiva do biodiesel, a Embrapa Agroenergia está desenvolvendo um catalisador alternativo para ser utilizado no mercado. Para isso, são estudadas enzimas que podem desempenhar esse papel de forma mais eficiente.

O biodiesel é obtido por uma reação química entre um óleo e um álcool, acelerada por catalisador químico, geralmente o hidróxido de sódio, químico causador de uma série de problemas. De acordo com a pesquisadora da Embrapa Agroenergia Thaís Salum, o hidróxido de sódio demanda uma alta quantidade de energia, dificulta a recuperação do glicerol, causa saponificação quando utilizado em óleos ácidos e gera um grande volume de efluentes.

Porém, a pesquisadora ressalta que estes problemas podem ser reduzidos ou eliminados ao utilizar lipases como catalizadores. “As lipases são ambientalmente corretas, pois agridem menos o meio ambiente e a principal vantagem do processo usando enzimas é que ocorre uma redução drástica de efluentes” explica Salum. No evento, Thaís atendeu vários pesquisadores que desconheciam sobre o tema e se interessaram pelo assunto.

Outro projeto apresentado no evento busca a caracterização de leveduras (microrganismos) capazes de fermentar xilose – açúcar presente na biomassa das plantas. Na produção de etanol de 2ª geração, esse açúcar não é aproveitado e mudar esse cenário aumentará a produção consideravelmente.

Almeida conta que os esforços estão voltados para a fisiologia e genômica comparativa entre várias espécies de leveduras para identificar os passos limitantes na produção de etanol a partir de xilose.

Já sobre o simpósio, Almeida observa temas de alta relevância que estiveram em destaque. “Foi bem claro que os principais temas eram sobre as enzimas do tipo LPMO, um novo grupo de enzimas que estão sendo estudadas para auxiliar na hidrólise da biomassa, e sobre a utilização de lignina como substrato para produção de produtos químicos”, ressaltou o pesquisador.

Austrália

Nessa mesma linha de trabalho com xilose, a pesquisadora Patrícia Abdelnur ministrará a palestra “Comparative metabolomics of xylose-fermenting yeasts by UHPLC-MS/MS: effects of oxygen levels on fermentation performance” no “13th Annual Conference Of The Metabolomics Society”. O evento acontecerá entre os dias 25 e 29 de junho em Brisbane, Austrália.

Para saber mais sobre as pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Agroenergia, acesse www.embrapa.com.br/agroenergia.