Donald Trump ridicularizou diversas vezes o aquecimento global e prometeu retirar os EUA do acordo assinado em Paris em 2015.

Contudo, apesar da mudança no clima político em Washington, os líderes empresariais e financeiros reunidos em Davos nesta semana passarão bastante tempo conversando sobre mudança climática — e sobre como lucrar com ela.

O Fórum Econômico Mundial irá dedicar 15 sessões de sua reunião anual de 2017 à mudança climática e mais nove à energia limpa — maior número da história para esses assuntos.

Isso reflete o quanto está em jogo. Para os líderes empresariais globais, a questão não se resume apenas a melhorar suas credenciais ecológicas, mas a bilhões de dólares — talvez até trilhões — em lucros e prejuízos potenciais.

As seguradoras estão começando a considerar inundações e secas mais frequentes em seus valores; as gigantes do setor de energia estão moldando seus negócios para um mundo que se distancia do petróleo e do carvão; as fabricantes de carros estão investindo fortemente em veículos elétricos; os bancos querem conceder empréstimos para projetos de energias renováveis.

“O positivo é que o acordo de Paris elevou patamares para todos”, disse Ben van Beurden, CEO da Royal Dutch Shell, o maior grupo petroleiro da Europa. “Todos sentem a obrigação de agir.”

O cumprimento dos objetivos estabelecidos em Paris poderá exigir US$ 13,5 trilhões em investimentos até 2030, segundo dados da Agência Internacional de Energia que mostram a escala da oportunidade para os negócios.

Apenas no ano passado, o investimento em energia limpa permaneceu em US$ 287,5 bilhões, indicam dados compilados pela Bloomberg New Energy Finance.

“A escala e o escopo dos fluxos de investimento em energias renováveis mostram que eles são a tendência dominante”, disse David Turk, chefe para mudança climática da AIE em Paris e ex-diplomata sênior para o clima dos EUA.

Oportunidades aumentam

Com o aumento das oportunidades de lucro, defensores tradicionais das mudanças climáticas — Al Gore e a diretora-executiva do Greenpeace, Jennifer Morgan — participarão de painéis de discussão com executivos como o presidente do conselho do HSBC, Stuart Gulliver, e o presidente da Cofco, a maior empresa de alimentos da China, Patrick Yu.

Eles discutirão a conexão entre a luta contra o

e os negócios — como parar a mudança climática e como lucrar com ela.

“A mudança climática é fundamental e central para muitas empresas e seus conselhos”, disse Dominic Waughray, chefe de parcerias público-privadas do Fórum Econômico Mundial. “A mudança climática é parte central da agenda de crescimento.”

Além do programa oficial, um total recorde de 60 CEOs deverá se reunir em uma sessão a portas fechadas para discutir os desafios da mudança climática, segundo uma pessoa com conhecimento do evento, que pediu anonimato porque a reunião não é pública.