A possibilidade de que o Acordo de Paris entre em vigor antes do fim do ano ficou mais próxima na quarta-feira, 21, quando o número de países que ratificaram o tratado subiu para 60, o que eliminou uma das duas barreiras para sua implementação: a chancela de ao menos 55 países. Nos próximos meses, a segunda deve ser superada, com a ratificação do acordo por nações que respondem por ao menos 55% das emissões globais.

“Eu estou confiante de que, no momento em que eu deixar o cargo, o Acordo de Paris terá entrado inteiramente em vigor”, disse o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, depois de cerimônia em que 31 países informaram à entidade que haviam ratificado o tratado. Seu mandato à frente da ONU termina no dia 31 de dezembro.

Para entrar em vigor, o acordo precisa ser ratificado por ao menos 55 países que representem no mínimo 55% das emissões globais que provocam efeito estufa. Os países que já confirmaram o acordo representam 47,5% das emissões. A expectativa da ONU é que o 7,5% restantes sejam obtidos antes do fim do ano. Isso porque a União Europeia, que responde por 10% das emissões, deverá ratificar o tratado em outubro.

Austrália, Coreia do Sul, Polônia, Nova Zelândia e Casaquistão estão entre o grupo de outros países que também se comprometeram a adotar a medida antes de 2017. “Isso significa que vamos cruzar a barreira final para a entrada em vigor do Acordo de Paris”, ressaltou o secretário-geral da ONU. O tratado estabelece metas de redução das emissões de gases que provocam efeito estufa, com o objetivo de limitar o aquecimento global a até 2ºC em 2.100.

O Brasil ratificou o tratado em menos de dois meses e foi um dos países que depositaram o compromisso na cerimônia realizada na quarta-feira na ONU. Depois do evento, o presidente Michel Temer recebeu telefonema do ex-vice-presidente dos EUA Al Gore, um dos principais defensores de ações para o enfrentamento da mudança climática. Na conversa, articulada pelo ex-deputado federal Alfredo Sirkis, Gore elogiou a liderança do Brasil na questão climática e a rapidez pela qual o acordo foi ratificado pelo Congresso.

A eleição presidencial americana e a possibilidade de vitória do republicano Donald Trump aumentaram a pressão para a entrada em vigor do tratado ainda neste ano. O bilionário nega o aquecimento global, defende o uso de combustíveis fósseis e promete abandonar o Acordo de Paris. Mas, se o tratado entrar em vigor antes de 2017, o próximo governo dos EUA só poderá se retirar ao fim de um período de quatro anos.

Se entrar em vigor neste ano, o Acordo de Paris baterá um recorde de tempo de implementação de tratados internacionais. Em entrevista depois da cerimônia, o secretário-geral da ONU ressaltou que apenas nove meses se passaram desde a aprovação do acordo, em dezembro. “Isso é um testemunho da urgência da crise que enfrentamos”, declarou. O tratado foi assinado na ONU em abril, com a participação do maior número de líderes globais em eventos desse tipo da história da organização. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.