Workshop realizado pelo GDF discutiu oportunidades e benefícios do uso de biodiesel em Brasília

Entre 2005 e 2012, o setor de Transportes em Brasília foi responsável por 49,05% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) de acordo com o Inventário de Emissões do Distrito Federal. O CO2 representou mais de 70% das emissões em todos os anos de abrangência do levantamento, sendo que entre 2005 e 2012 houve aumento de lançamento de GEE.

Os resultados de emissões anuais totais médias do DF por categoria indicam uma predominância da categoria Transporte (setor Energia), seguida pelas categorias Produção de cimento (setor IPPU) e Disposição de resíduos sólidos em sítios não manejados (setor Resíduos), que em conjunto representam 79,82% das emissões na região.

Os dados foram apresentados pelo secretário de Agricultura do Distrito Federal, José Guilherme Tollstadius Leal, nesta quarta-feira (15/06), durante o workshop “Biodiesel: Oportunidades e Benefícios do Uso Voluntário”. Promovido pelo Governo do Distrito Federal, com apoio do Ministério de Minas e Energia (MME) e da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), o evento discutiu a adoção de 20% de biodiesel, o chamado B20, no diesel utilizado no transporte da capital brasileira.

Atualmente, todo o diesel comercializado no Brasil contem 7% de biodiesel – combustível renovável produzido a partir de matérias-primas nacionais, como o óleo de soja e o sebo bovino. O aumento do uso de biodiesel estimula a indústria brasileira e agrega valor à produção agrícola, além de diminuir a dependência de combustível fóssil e reduzir as emissões de poluentes atmosféricos.

Em março de 2016, o governo autorizou a evolução da mistura obrigatória para 8% até março de 2017, chegando a 10% até 2019, por meio da Lei 13.263/2016. Também é facultado o uso deste biocombustível em misturas que podem chegar a 20% e 30% aos grandes consumidores de diesel.

Segundo o secretário, é importante debater a viabilização da mudança do combustível utilizado no DF e sua contribuição na redução de emissões. “É algo que tem que ser pensado no mundo todo, porque o gás não respeita divisas, e todos os setores da sociedade devem adotar medidas. O aquecimento global já deixou de ser uma coisa de cientistas”, destacou Tollstadius, lembrando ainda que no mês de abril o DF enfrentou 30 dias sem chuva e com calor acima da média.

Biodiesel voluntário

Entre 2005, início do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), e março de 2016, o Brasil consumiu 22 bilhões de litros de biodiesel, em adição ao diesel fóssil, o que representa 41 milhões de toneladas de CO2 evitadas. É como se o País tivesse plantado 300 milhões de árvores, ou 22 mil km² de área verde, o que corresponde a quatro vezes a área do Distrito Federal.

Com frota de 23 mil caminhões e 12 mil ônibus, Brasília pode sair na frente e ser uma vitrine do uso de biodiesel em misturas como o B20, tornando o trânsito mais sustentável.

“Um ônibus urbano gasta em média 44 mil litros de diesel por ano. Se usar B20, isso representa uma redução de 18 toneladas de CO2 que vão deixar de ser emitidas anualmente por ônibus”, explica o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski. Segundo os cálculos da entidade, cada ônibus abastecido com B20 reduziria em emissão, por ano, o equivalente ao plantio de 132 árvores.

“Se 3,6 mil ônibus do transporte público do DF utilizassem essa mistura, em um ano, teríamos de redução de emissões o equivalente a 475 mil árvores, isto é, uma área do tamanho do Lago Paranoá de árvores”, completou o consulto técnico da Ubrabio, Donato Aranda.

De acordo com o diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do MME, Ricardo Dornelles, o uso de B20 e B30 por grandes consumidores de diesel – aqueles que têm ponto de abastecimento – já é permitido, regulado e não precisa de autorização prévia da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

O que falta para alavancar é conhecimento e divulgação da oportunidade e maior integração do produtor, do distribuidor e do consumidor.

“O biodiesel é competitivo na entrada da distribuidora e economicamente viável no Centro-Oeste. O que falta é divulgação, como fizemos em Mato Grosso e estamos fazendo aqui, para esclarecer as oportunidades, o “ganha-ganha-ganha” do uso voluntário”, afirma Dornelles.

Para o representante do MME, é preciso buscar integração entre as diversas áreas de governo e envolver a sociedade para aproveitar esse potencial da utilização do biodiesel em percentuais maiores que o obrigatório.

Iniciativas

Presente no evento, o presidente da TCB (Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília), Manoel Neto, destacou o crescimento exponencial do transporte individual em Brasília e a necessidade de investir na sustentabilidade do setor de transportes.

Segundo Neto, a empresa vem estudando a utilização do B20 em sua frota, como iniciativa para tornar o transporte mais sustentável.

O evento também contou com a presença de representantes da Secretaria de Mobilidade do Distrito Federal, da Embrapa Agroenergia e da Emater-DF.

Confira abaixo alguns dados apresentados no Workshop: