Projetos para evolução do PNPB e a inclusão da agricultura familiar na cadeia produtiva de biocombustível para aviação foram destaques da reunião com o novo ministro da pasta

Representantes da Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene) estiveram, nesta terça-feira (24), em reunião com o novo ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, para apresentar as principais demandas do setor. O presidente do Conselho Superior da Ubrabio, Juan Diego Ferrés, destacou a necessidade de previsibilidade de aumento de mistura de biodiesel para que o PNPB – Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel possa continuar crescendo.

A Ubrabio apresentou suas propostas para ampliação do uso de biodiesel no Brasil, por meio de misturas facultativas, além da ampliação da mistura obrigatória de 7% (B7) do biocombustível ao diesel comercializado no país, em vigor desde novembro do ano passado.

Entre as propostas estão o B+, que seria a possibilidade de uma distribuidora solicitar à ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), conforme seu interesse, a comercialização do óleo diesel com percentual de biodiesel superior ao B7 obrigatório, de acordo com a conveniência mercadológica regional e o limite da garantia oferecida pelas montadoras. Isto seria vantajoso em regiões produtoras onde o preço do biodiesel é mais competitivo em relação ao diesel de petróleo, tendo em vista a configuração geográfica do país.

Ainda na esfera facultativa, a Ubrabio propõe o uso do B Agro, que consiste na utilização do B30 em tratores e máquinas agrícolas, cujos fabricantes já ofereçam garantia; e o B20 Metropolitano, que abasteceria o transporte público das cidades com mais de 500 mil habitantes.

Além do ganho ambiental – o biodiesel é um combustível renovável, isento de enxofre, que reduz as emissões de gases causadores do efeito estufa (GEE) – a ampliação do PNPB contribui para o fortalecimento da agricultura familiar no Brasil. O programa é destaque no mundo em inclusão produtiva.

“Muitas das cooperativas do Rio Grande do Sul têm 70% do valor pago como assistência técnica para os pequenos produtores pelas empresas produtoras de biodiesel, atendendo as normas do Selo Combustível Social. E na área de agricultura familiar, de cooperativismo, de pequenos produtores tem um efeito extraordinário”, destacou o presidente da Ubrabio, Odacir Klein.

Ananias expressou as preocupações do ministério com a questão ambiental e o fortalecimento da inclusão produtiva na cadeia do biodiesel. “Primeiro há uma preocupação nossa como cidadão, que é a questão do meio ambiente, da qualidade de vida e da preservação do Brasil e do planeta para gerações futuras, em que é fundamental a substituição dos combustíveis fósseis. Outra preocupação é como a gente pode estimular a agricultura familiar e utilizar o biodiesel como uma forma de torná-los produtivos e auto-sustentáveis”, afirmou o ministro.

Bioquerosene

O diretor de Biocombustíveis de Aviação da Ubrabio, Pedro Scorza, destacou o projeto que vem sendo desenvolvido em Dores do Indaiá, em Minas Gerais, para produção de macaúba para fabricação de bioquerosene para aviação (BioQAV).

Segundo o diretor, a iniciativa vai ao encontro dos esforços mundiais para reduzir a pegada de carbono da indústria de aviação, que corresponde a 2% das emissões globais. De acordo com Scorza, as próprias empresas vêm estabelecendo metas para reduzir as emissões de GEE em até 50%, até 2050.

“O Brasil tem um potencial muito grande para a produção de combustível renovável de aviação, por sua tradição agrícola e experiência com o etanol e o biodiesel. E a agricultura familiar pode ser uma alavancadora inicial desse projeto para agregar uma cadeia enorme de valor”, ressaltou Scorza.

“A agricultura familiar é um elo importante nesse processo e, assim como a diversificação de matérias-primas, deve estar inserida nessa nova cadeia que está sendo desenhada”, destacou o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski.