A Plataforma Brasileira do Bioquerosene (PBB) e a estruturação do setor de Bioquerosene no Brasil foram pauta de reunião realizada nesta terça-feira (2), entre a União Brasileira de Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) e o diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Ricardo Dornelles.

Durante o encontro foram apresentadas ideias para convergir os interesses dos envolvidos no setor e possibilitar ao bioquerosene uma produção com oportunidade de investimento no Brasil, como um pólo de desenvolvimento regional sustentável. Economia verde, inovação tecnológica e ampliação da inclusão produtiva de agricultores familiares no fornecimento de matérias-primas – já experimentada com sucesso no Programa brasileiro de biodiesel – foram temas debatidos como possibilidades a partir da produção nacional de bioquerosene.

Mike Lu, presidente da Curcas Diesel, biorrefinaria associada à Ubrabio, esteve presente na reunião e afirmou que o MME recebeu com interesse a proposta sugerida. “Devemos preparar um projeto piloto que seja submetido à aprovação de todos os interessados e transformar a PBB em um ponto de convergência das ações da iniciativa privada e também do programa de políticas públicas necessárias a implantação no Brasil”, destacou.

Para Adilson Liebsch, diretor de biocombustíveis de aviação da Ubrabio e diretor da também associada AMYRIS, a entidade veio para organizar o lado dos futuros produtores de bioquerosene. “O histórico de atuação da entidade em cima do biodiesel certamente contribui bastante. Isso vai fazer com que a Ubrabio seja um dos pontos centrais nas discussões para a implementação da bioquerosene no país”, afirmou.

Especificações da ANP para o bioquerosene

No último dia 24, a ANP publicou a Resolução nº 20/2013, que trata das especificações dos Querosenes de Aviação Alternativos e de suas misturas com o Querosene de Aviação (QAV-1), contidas no Regulamento Técnico ANP nº 01/2013. A Resolução também especifica as obrigações quanto ao controle da qualidade a serem atendidas pelos diversos agentes econômicos que comercializam esses produtos em todo o território nacional.

“Esta é uma conquista para o setor e contou com a participação da Ubrabio”, declarou o presidente do Conselho Superior da Ubrabio, Juan Diego Ferrés. O consultor técnico da entidade e prof. PhD, Donato Aranda, explica que, por querosene alternativo entende-se o bioquerosene obtido a partir de óleos vegetais (HEFA) ou biomassa (Fischer-Tropsch) ou mesmo querosene obtido a partir de fontes fósseis como gás natural ou carvão. Ele afirma que as especificações definidas pela Agência estão bem alinhadas com a resolução norte-americana (ASTM).

“Essa Resolução permite o uso de até 50% de querosene alternativo misturado ao querosene de aviação convencional. Isso é importante porque o bioquerosene é uma realidade global, como a própria atividade de aviação comercial. No Brasil, empresas como as associadas à Ubrabio, Amyris, Solazyme e Curcas já possuem projetos avançados para a produção de bioquerosene”, afirma Aranda.