O futuro dos biocombustíveis passa necessariamente pela adoção de política pública para o setor. Para o diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), Adriano Pires, é preciso haver previsibilidade para o segmento atrair investidores. O executivo participou do painel “Cenários 2020: para onde caminham os biocombustíveis”, realizado no Ethanol Summit 2013, que vai até 28 de junho no hotel Grand Hyatt, em São Paulo (SP).

Segundo Pires, o governo brasileiro fez uma opção clara em favor dos combustíveis fósseis ao congelar o preço da gasolina em 2008, além de isentar o recolhimento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico Combustível (Cide). “Isso representa a renúncia de R$ 22 bilhões desde 2008”, afirma.

Para o executivo, o exemplo norte-americano de adoção gradual de novos combustíveis seria o mais indicado para o mercado brasileiro. “Nos Estados Unidos há parceria entre as petroleiras e os produtores de bicombustível porque o produto se apresenta como complemento e não como competidor”, explica. O executivo informou que em 2020 a participação de biocombustíveis nos EUA será de 19%.

O ex-secretário de Comércio do governo dos Estados Unidos, Carlos Gutierrez, explicou como será adotado o gás de xisto em seu país: passo a passo. Gutierrez disse que não há existe infraestrutura de distribuição do novo combustível, o que limita sua utilização. “Haverá incentivo para a adoção no transporte público e de cargas de curta distância”, explicou.

Para o vice-presidente da Amyris, Joel Velasco, o mercado de biocombustível deve inspirar-se no de petróleo para buscar seu posicionamento. “Metade dos 160 litros de cada barril de petróleo vai para a gasolina. Precisamos pensar em outros mercados”, advertiu durante sua exposição no evento. No entanto, mesmo com as dificuldades de ausência de política de suporte para o setor, Velasco disse que o Brasil ainda é um bom destino para os investidores internacionais interessados em aplicar no desenvolvimento e produção de biocombustíveis.

Ele concorda com o diretor do CBIE sobre a necessidade de políticas públicas “que deem previsibilidade e ao mesmo tempo cobrem metas de produtividade dos investidores. Sem isso, o futuro do etanol fica comprometido”, afirmou Pires.