A partir da próxima segunda-feira (18), Brasília vai sediar a Semana de Bioenergia, evento internacional promovido pela Global Energy Partnership (GBEP) – uma aliança internacional que tem como meta promover o uso de biomassa e biocombustíveis de forma sustentável em nível global. Até o sábado (23) mais de 70 participantes oriundos dos cinco continentes estarão na capital brasileira onde participarão de debates.

Entre os temas em debate estão: requalificação de trabalhadores, diversificação das fontes de energia, posse da terra, segurança alimentar, geração de emprego e renda, emissões de gases de efeito estufa, mudança no uso da terra e impacto sobre água e solos.

Segundo a embaixadora brasileira, Mariangela Rebuá, que também é copresidente da GBEP e coordenadora do evento, a ideia é discutir a sustentabilidade da bioenergia em âmbito multilateral, agregando diferentes perspectivas sobre o assunto tentando estabelecer consensos nas áreas do desenvolvimento sustentável e mitigação das mudanças climáticas.

Experiência brasileira

A experiência do Brasil na produção e uso de biocombustíveis será bastante explorada. O país é o segundo maior produtor mundial de etanol (atrás dos Estados Unidos) e um dos maiores de biodiesel. Atualmente, a participação de combustíveis renováveis na matriz de transportes brasileira é de aproximadamente 22%.

“O entendimento do Brasil é de que a produção e uso sustentável da bioenergia podem proporcionar grandes oportunidades para melhoria de aspectos econômicos e sociais de países em desenvolvimento – e, consequentemente, para a redução das assimetrias ao longo da cadeia produtiva dos alimentos”, afirma a embaixadora Mariângela.

Cooperação

O Brasil tem buscado apoiar a produção de bioenergia em países em desenvolvimento, principalmente os da faixa tropical. “Isso tem sido feito por meio de iniciativas de cooperação e capacitação, especialmente com estudos de viabilidade para a produção sustentável de bioenergia e apoio na definição de marcos regulatórios para o setor”, conta Mariangela.

Para a embaixadora, o acesso à energia e a transição de formas tradicionais de obtenção de energia a partir da biomassa para uma produção sustentável e moderna. Além disso, os países buscam promover o crescimento econômico com baixo consumo de carbono. “O desenvolvimento da bioenergia tem requerido não apenas a adoção de políticas de incentivo à produção de fontes alternativas de energia, mas também um esforço permanente de demonstração de que existem condições para a produção sustentável, principalmente nos países em desenvolvimento”, destaca.

Além de palestras, os participantes da Semana de Bioenergia terão a oportunidade de conhecer a usina de biodiesel Granol (Anápolis/GO) e os campos experimentais do Núcleo de Apoio a Culturas Energética da Embrapa Agroenergia e Embrapa Cerrados (Planaltina/DF). Segundo o chefe-geral da Embrapa Agroenergia – uma das organizações que colabora na promoção da Semana de Bioenergia –, Manoel Teixeira Souza Jr., será uma chance de mostrar a um público maior parte do trabalho realizado pela instituição. “A pesquisa teve e continua tendo papel fundamental para o sucesso da produção de bioenergia no Brasil”, diz.

As experiências brasileiras não serão as únicas a serem apresentadas no evento. Representantes dos demais países presentes mostrarão seus trabalhos em áreas como produção de matérias-primas, geração de empregos e renda e criação de cadeias de valor. A Organização dos Estados Americanos (OEA), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Mundial vão apresentar, no evento, programas de apoio a iniciativas na área de bioenergia. Também haverá palestras de representantes da Organização das Nações Unidas (ONU).