A Petrobras está enfrentando um crescimento do consumo de combustíveis no país maior que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e cujos efeitos sobre o balanço financeiro da companhia já são conhecidos. A estatal prevê crescimento de 3% a 4% das vendas de combustíveis em 2013

Dados de uma pesquisa da Agência Nacional de Petróleo (ANP), divulgada ontem, mostram que o consumo de diesel cresceu mais que o PIB em 2008 (7,7% do combustível contra 5,2% da economia), 2010 (11,2% ante 7,5%) e 2011 (6,1% ante 2,7%). Na gasolina o fenômeno começou a ocorrer a partir de 2009 e, antes disso, só em 2004. Em 2010 as vendas de gasolina cresceram 17,5%, percentual que aumentou para 18,9% em 2011.

No ano passado não foi diferente. Apesar de o PIB de 2012 ainda não ter sido divulgado – nos primeiros nove meses cresceu 0,7% segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – a Petrobras registrou um aumento de 7% nas suas vendas totais de combustíveis. Os destaques foram a gasolina (aumento de 17% no período), seguida pelo diesel (6%) e querosene de aviação (Qav), cujas vendas cresceram 5%.

Carlos Alberto Cosenza, diretor de abastecimento da Petrobras, enumera várias razões para esse descolamento entre consumo e produção de combustíveis, entre eles a safra agrícola 2012/2013, que deve chegar a 185 milhões de toneladas de grãos, um aumento de 11,3% em relação à safra anterior. O executivo cita ainda o aumento das vendas de automóveis e do número de passageiros nos aviões, entre outros fatores decorrentes da migração da classe C para a B.

“A única resposta que eu não tenho é sobre quando é que termina essa roda, [não é possível saber] quando é que ela estabiliza e muda o patamar. Mas nessa carruagem o crescimento é algo bom”, disse Cosenza ao Valor.

O estudo da ANP confirma que somente o aumento da capacidade de refino e ampliação da logística poderão resolver o déficit na oferta de derivados. Mas isso exige investimentos. Além de afetar a balança comercial brasileira com pesadas importações, o déficit contribui para a corrosão acentuada das receitas e lucratividade da Petrobras. Resolver alguns desses problemas não está na alçada da diretoria executiva, já que o controlador, o governo, vem usando a estatal como instrumento de política monetária.