Com nova lei, biodiesel avança como motor de desenvolvimento regional, valorizando resíduos, gerando renda e fortalecendo a transição energética no Brasil.

Durante participação no programa Energia Agro+, guiado pelo apresentador, Donizete Torkaski, o diretor do Grupo Oleoplan e vice-presidente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Leonardo Zilio, destacou o impacto socioeconômico e ambiental da cadeia do biodiesel no Brasil.

Somados 45 anos de trajetória, a Oleoplan iniciou suas atividades em Veranópolis (RS) e expandiu sua atuação para outras regiões do país, como Iraquara (BA), além de novas plantas industriais no Pará, Rondônia e, recentemente, em Lucas do Rio Verde (MT). Essa presença em diferentes biomas e realidades regionais permite à empresa diversificar o uso de matérias-primas, desde soja até gorduras animais, óleo de palma e resíduos como óleo de fritura.

Zilio ressaltou a importância estratégica do biodiesel para o desenvolvimento regional. Segundo ele, o efeito multiplicador do setor é perceptível especialmente em áreas distantes dos grandes centros, onde a presença da indústria trouxe infraestrutura básica, geração de empregos e aumento do PIB per capita. Em Iraquara (BA), por exemplo, a renda per capita quadruplicou em apenas 12 anos de operação da Oleoplan na região. “Esse valor fica na região, e não se centraliza em grandes centros”, afirmou.

Um dos pontos mais destacados por Zilio foi a valorização de resíduos antes descartados como lixo. O sebo bovino, antes um passivo ambiental, hoje representa cerca de 20% da produção de biodiesel no Brasil. “Do lixo ao luxo”, resumiu o executivo. Além disso, todas as unidades da Oleoplan aceitam e processam óleo de cozinha usado e outros resíduos industriais, promovendo uma destinação ambientalmente correta e economicamente viável para esses materiais.

A recente aprovação da Lei Combustível do Futuro foi considerada um marco para o setor. A legislação estabelece um cronograma de aumento na mistura obrigatória de biodiesel ao diesel, podendo chegar a 25%.

“Além de reduzir a dependência do Brasil por diesel importado, a lei impulsiona investimentos, fortalece a agricultura familiar e amplia a oferta de alimentos, como farelo de soja, essencial para a cadeia de produção de carnes” , ressalta Zilio.

Zilio também rebateu críticas de que a produção de biocombustíveis concorre com a produção de alimentos. “No Brasil, mais biodiesel significa mais alimento”, afirmou. Isso porque ao processar mais soja para extração de óleo, também se produz mais farelo, principal fonte de proteína para rações animais. Ele critica a narrativa “food vs. fuel” originada na Europa, explicando que a realidade brasileira, com clima tropical e várias safras ao ano, é completamente diferente.

Por fim, Zilio destacou a importância da segurança jurídica e da previsibilidade para o sucesso da política de biocombustíveis.

“A implementação fiel do cronograma de mistura previsto na nova lei será essencial para garantir os investimentos necessários e consolidar o papel do Brasil como protagonista na transição energética global. Mais do que energia limpa, o biodiesel é geração de renda, de alimento e de futuro para o país” , concluiu.