Em entrevista ao programa Agro Record, da TV Record Brasília, neste domingo (12/03), o diretor superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Donizete Tokarski, falou das vantagens do biodiesel e destacou a contribuição deste combustível renovável na economia, meio ambiente e saúde pública.

Para Tokarski, a retomada da programação de mistura de biodiesel ao diesel fóssil, que atualmente está em 10%, é instrumento de desenvolvimento econômico, geração de emprego e renda e melhoria da qualidade de vida com a redução da poluição que o biodiesel proporciona.

“O biodiesel melhora a qualidade de vida das pessoas nos aspectos econômico, ambiental e social.  No econômico, por exemplo, quando se esmaga soja para produzir biodiesel, a cada cinco quilos de soja, quatro viram farelo e um óleo. O farelo vai se usar para produzir ração, que resulta na proteína que nos alimenta. No ambiental, o biodiesel reduz em até 90% as emissões de gases de efeito estufa (GEEs). Já no social, a cadeia produtiva de biodiesel envolve 300 mil agricultores familiares. Ou seja, geração de empregos”, pontuou Donizete.

Tokarski destacou, ainda, que além de gerar empregos e inserir o produtor rural, a produção de biodiesel traz mais benefícios ambientais para o país. E citou exemplos da reutilização do óleo de cozinha e da gordura animal na fabricação do biodiesel. “Quando um animal é abatido, cerca de 40 quilos é gordura. Este produto, que antigamente era lançado no meio ambiente, hoje é utilizado na produção de biodiesel e tem valor de mais de R$ 5 mil a tonelada”, disse.

O diretor da Ubrabio destacou que o biodiesel tem papel altamente relevante na saúde pública ao lembrar que este biocombustível em comparação ao diesel fóssil, não tem enxofre. Exemplo de diesel fóssil poluente e em uso no Brasil é o S500, cuja composição inclui 500 partes para um milhão de enxofre. Ou seja, a cada mil litros de diesel queimado, é lançado ao ar 500 gramas de enxofre. Além do enxofre, os combustíveis fósseis possuem outros produtos cancerígenos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Manifestação da CNT é equivocada

Ao comentar sobre a manifestação da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e entidades do setor automotivo, que têm se posicionado contra o aumento da mistura de biodiesel, Tokarski disse que apesar de ser uma organização importante para o país, a Confederação não está lendo o relatório do Ministério de Minas e Energia (MME), que constata os testes de uso do biodiesel realizados com todos os fabricantes de veículos do país.

“O relatório elaborado pelo MME, com a participação de todos os fabricantes de veículos, diz que até o B15 não tem problema. A ANP também diz que até o B15 não tem problema. Inclusive, algumas empresas fizeram testes para misturas superiores, B20, B30 e também deram positivo para o uso da mistura. Será que o problema é o combustível ou o equipamento que não está sendo operado de maneira correta?”, questionou Tokarski.

Aumento do uso de combustíveis limpos são notórios na saúde pública

Em 2021, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) divulgou pesquisa sobre o impacto na saúde pelo uso de biocombustíveis na Região Metropolitana de São Paulo. No ano de 2018, a adição de 10% de biodiesel evitou 4,8% das emissões provenientes do setor de transportes na região, contribuindo para o acréscimo de nove dias na expectativa de vida da população e a redução de 244 óbitos por ano. Em trajetória alternativa de adição de 15% de biodiesel ao diesel, haveria uma redução adicional de 2% relativa às emissões veiculares de particulado, um aumento de mais quatro dias na expectativa de vida e menos 104 óbitos no mesmo período.

“Se aumentarmos a mistura de biodiesel ao diesel fóssil, vamos evitar mais mortes e alongar vidas em nove dias por ano”, concluiu Donizete Tokarski.

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