Principal parceiro econômico do Brasil na América do Sul e importante produtor de biodiesel, a Argentina tem elevado os percentuais de mistura desse biocombustível ao diesel comum, e, com isso, tentado reduzir o nível de ociosidade da indústria local.
“Temos uma capacidade instalada de produção de biodiesel ao ano de quatro milhões de toneladas, e tivemos produção de 1,7 milhão de toneladas em 2021”, explicou o ministro Javier Dufourquet, adido agrícola da Embaixada da Argentina no Brasil, durante palestra na III Biodiesel Week, um dos principais eventos sobre biocombustíveis do país.
Segundo números do governo argentino, até 2021, a ociosidade na indústria de biodiesel era de 57%. Para tentar recuperar terreno perdido, a Argentina está aumentando o percentual de mistura do biocombustível ao diesel fóssil, de 5% para 12,5%.
O Brasil, como comparação, que deveria ter o B14 neste ano, ainda está com um percentual de 10% de mistura. Com a menor participação, a produção brasileira caiu para 6,3 bilhões de litros produzidos, de um total de 13,3 bilhões de litros de capacidade instalada da indústria. Com isso, a ociosidade do setor de biodiesel no Brasil chegou ao patamar de 53%.
“Hoje, quase 10% da matriz energética argentina é composta por fontes renováveis”, disse Javier Dufourquet, explicando que o “corte” (mistura) obrigatório em combustíveis depende de variáveis econômicas como o preço internacional e a oferta do diesel para importação. O ministro ainda comentou que a Argentina, que já vendeu biodiesel para países da América Latina e os Estados Unidos, atualmente só exporta biodiesel para a União Europeia. “Nesse caso, as barreiras comerciais ainda são um problema”, afirmou Dufourquet, durante sua participação na mesa “Experiências internacionais de uso do biodiesel e benefícios à sociedade”, realizada na III Biodiesel Week.