Representando o setor do biodiesel, o diretor-superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Donizete Tokarski, participou, nesta quinta-feira (30), de audiência pública na Câmara dos Deputados destinada a discutir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 12/22) que estimula a competitividade dos biocombustíveis em relação aos concorrentes fósseis.

Em nome da Ubrabio, que representa cerca de 40% do biodiesel produzido no país, Donizete fez uma explanação sobre a  importância dos biocombustíveis para o desenvolvimento sustentável do país.  

“Nós temos hoje uma capacidade industrial para produzir 13 bilhões de litros de biodiesel por ano, mas, neste ano, devemos produzir cerca de 6 bilhões de litros. Ou seja, a indústria está ociosa. Ou seja, a indústria está ociosa,  os empresários acreditaram e investiram mais de R$ 10 bilhões nas 56 indústrias espalhadas pelo país em 15 unidades da Federação”, pontuou Tokarski. 

O representante do setor lembrou da necessidade do governo federal autorizar o aumento da mistura do biodiesel ao diesel – hoje em apenas 10% – para que a produção seja incrementada.

“A composição do preço com 10% de mistura na participação do biodiesel está inferior aos 10%. Ou seja, é compatível a gente aumentar imediatamente essa proporção de biodiesel no diesel e valorizar todas as externalidades. O biodiesel é uma energia limpa, é sustentável e reduz as emissões de gases de efeito estufa. Reduz a dependência do diesel externo”, avaliou. 

De acordo com  o diretor da Ubrabio, a indústria do biodiesel é uma janela de oportunidades para o Brasil ser autossuficiente na produção e gerar muito mais riqueza e qualidade vida às pessoas.

Ele lembrou que o biodiesel produzido no Brasil  tem especificação de qualidade superior ao dos Estados Unidos e da Europa, mas, segundo ele ,  mesmo assim a Agência Nacional do Petróleo (ANP) está, ainda,  num processo para ampliar essa exigência e o setor produzir um biodiesel de melhor qualidade ,que é um compromisso do setor. 

Veneno 

Donizete alertou para a urgência  de melhorar a qualidade do diesel consumido no Brasil. 

“O diesel que se consome hoje no Brasil, cerca de 45% dele é o diesel S500. É um diesel veneno que mata as pessoas, principalmente aquele trabalhador que fica horas dentro de um ônibus –  as pessoas de menor renda – os  idosos e crianças que têm problemas ligados a asma, bronquite, doenças respiratórias e cardiovasculares. Doenças que afetam a saúde de todos nós, mas principalmente daqueles que têm uma desvantagem econômica. Então nós precisamos criar uma política de previsibilidade e de estabilidade”, sugeriu. 

Biodiesel reduz até ́ 80% dos gases de efeito estufa

Donizete disse que o Brasil está produzindo 125 milhões de toneladas de soja ,sendo que deste montante é vendido cerca de 80 milhões de toneladas  sem nenhum beneficiamento, deixando de gerar mais empregos. 

Ele citou exemplos do uso eficiente do biodiesel no transporte barsielrio. “O biodiesel é um produto de excelência, usamos dois mil ônibus em São Paulo por quatro anos e não tivemos problema. Aqui no Distrito Federal  também temos experiência usando o biodiesel B20”.

Donizete lembrou que a indústria está pronta e tem tecnologia para aproveitar a janela de oportunidades. Ele lembrou, ainda, que na COP26 em Glasgow (Escócia) o Brasil se comprometeu a não mais  subsidiar o combustível fóssil.

Saúde pública

O diretor da Ubrabio alertou também para a questão da saúde pública, pois, segundo ele, o país gasta bilhões que deveriam ser evitados. Ele citou dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que apontam a morte de cerca de 50 mil brasileiros por ano decorrente da poluição veicular. 

“Vamos dizer que destes 50 mil,   40 mil são decorrentes da poluição causada pelo combustível fóssil. Este diesel péssimo que temos. Nos países do hemisfério Norte não se usa mais o S500. Nós utilizamos ainda cerca de 45% de S500. Ou seja, combustível veneno. Se 40 mil pessoas morrem, para cada uma que morre, vamos dizer que 100 pessoas são internadas. Então temos 40 mil vezes 100, que resulta em quatro milhões de internações por ano. Cada pessoa internada se ela ficar três dias são 12 milhões de internações. Quanto custa uma internação na saúde pública? R$ 1.500 por dia. 12 milhões vezes R$ 1.500, só isso dá R$ 18 bilhões por ano”, comparou. 

Segundo ele , o uso  do biocombustível B10 aumenta a expectativa de vida por ano em nove dias

Ele pediu o empenho dos parlamentares  nas tratativas sobre a questão dos combustíveis. 

“Previsibilidade significa segurança jurídica, investimento e oportunidades que nós tanto precisamos para avançar. Pedimos que vejam a oportunidade para construir uma política pública que seja realmente efetiva para melhorar o ambiente de negócio e a qualidade de vida das pessoas”, defendeu Tokarski.