O diretor superintendente da União Brasileira de Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Donizete Tokarski, defendeu que o Brasil deixe de utilizar o diesel S 500 em veículos e máquinas agrícolas por se tratar de um combustível excessivamente poluente. “Este produto tem que ser banido do país para que o governo deixe de gastar recursos públicos com o tratamento de graves doenças respiratórias causadas por este tipo de poluição”, ressaltou Donizete durante o III Simpósio das Engenharias da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
Realizado nesta quinta-feira (27) de forma virtual, o evento teve como tema central os Avanços da Engenharia no Desenvolvimento Sustentável. Durante os debates, Donizete alertou que o Brasil ainda utiliza um diesel ultrapassado e extremamente poluente, como o S 500, que lança pelos escapamentos dos veículos toneladas de enxofre a cada ano, elemento químico causador de graves doenças.
Durante o simpósio que contou com a coordenação do reitor Ricardo Berbara e a participação dos professores Fernando Caneppele, da USP, e Euler Cassio Tavares, da Universidade Federal da Paraíba, Donizete lembrou que os hospitais da rede pública gastaram, entre 2008 e 2017, mais de R$ 12 bilhões com tratamentos de pacientes vitimados por doenças cardíacas e respiratórias causadas pela poluição veicular.
Somente em 2018, de acordo com dados do governo, o Sistema Único de Saúde desembolsou R$ 1,3 bilhão para custear as internações em hospitais públicos com graves doenças respiratórios atribuídas às emissões pelos veículos que utilizam diesel fóssil. “O setor de diesel fóssil precisa contribuir para o desenvolvimento de um combustível mais sustentável. O S 500 é um lixo que precisamos evitar”, disse Donizete.
O diretor da Ubrabio explicou durante os debates com a participação de alunos de vários cursos de engenharia que a mistura do biodiesel é um combustível produzido com matérias primas de origem vegetal, gorduras animais descartadas e óleo de cozinha usado e misturado ao diesel fóssil como um dos principais instrumentos de descarbonização da matriz de transporte brasileira.
“A indústria de biodiesel, além de produzir um combustível menos poluente no seu processo produtivo, gera conhecimento em razão das aplicações de modernas tecnologias e utilização de equipamentos desenvolvidos no País”, ressaltou Donizete. Ao mesmo tempo, segundo ele, o biodiesel agrega valor à soja, que é 70% da matéria prima do combustível, além de ser um indutor da industrialização, com geração de emprego e renda.
O diretor da Ubrabio sugeriu que a sociedade brasileira discuta a criação de um outro instrumento legal de gestão da poluição que amplie o Renovabio, programa que define o uso dos biocombustíveis no Brasil, para um outro mecanismo que considere todas 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e não apenas um deles, o que trata da redução das emissões veiculares.
“Precisamos considerar as externalidades positivas do biodiesel como o valor deste combustível, e não apenas o custo de produção. Esse novo programa pode ser chamado de Renovavida e terá o poder de mudar o comportamento da sociedade brasileira que precisa conhecer o combustível que está usando”, propôs Donizete.