28/10/2020-Em resposta ao comunicado dos postos revendedores de combustíveis sobre o preço do biodiesel no último leilão promovido pela ANP, a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) esclarece que as informações foram distorcidas para imputar sobre os produtores de biodiesel a responsabilidade pelos aumentos de preços.

As principais matérias-primas para produção de biodiesel são o óleo de soja e o sebo bovino. No período de junho de 2019 a setembro de 2020, a soja, de onde se extrai o óleo, sofreu valorização acumulada de 87%, no mercado brasileiro. Em contrapartida, o biodiesel sofreu uma valorização menor: 66% no acumulado do período.

Essas altas são justificadas por diversos fatores externos, que fogem ao controle da indústria nacional de biocombustível. Dentre eles: a alta demanda chinesa pela soja brasileira, valorização da oleaginosa no mercado externo e aumento do câmbio.

Além disso, o sebo bovino também acumula valorização, uma vez que é uma matéria-prima importante para a indústria de produtos de limpeza, cuja demanda aumentou significativamente desde o início da pandemia.

Vale destacar também que o biodiesel representa apenas 15% do preço final do diesel B que o consumidor encontra nos postos.

A composição do preço final, em média, se dá na seguinte proporção: 45% diesel A (diesel de petróleo) + 15% biodiesel + 10% tributos federais + 15% tributos estaduais + 5% margem da distribuição + 11% margem da revenda.

Por fim, a Ubrabio salienta que o verdadeiro “assalto ao bolso do consumidor de diesel” se dá nos momentos em que o biodiesel está mais barato que o diesel e nenhum sindicato de postos se mobiliza para aumentar a adição do combustível renovável, ou quando a Petrobras reajusta o preço do diesel para baixo e esse valor não é integralmente repassado ao consumidor final pelas distribuidoras e postos.

Relação biodiesel-óleo de soja-farelo

Na safra 2019/20, o Brasil produziu cerca de 126 milhões de toneladas de soja e deve exportar aproximadamente 82 milhões de toneladas da oleaginosa este ano. A formação do preço se dá nesta grande parcela demandada pelo mercado internacional.

No processamento da soja, a maior parte (80%) se transforma em farelo, utilizado pela indústria de ração para alimentar as cadeias de proteína animal (carnes e lácteos) – enquanto o restante é o óleo.

A produção de biodiesel vai demandar até o final do ano cerca de 4 milhões de toneladas de óleo de soja, utilizando 20 milhões de toneladas de soja, das quais 16 milhões de toneladas serão convertidas em farelo para a indústria de carnes e estimulando a agregação de valor na indústria brasileira. A produção desse biocombustível, na verdade, ajuda a baratear o custo dos alimentos no Brasil além de contribuir para melhorar a qualidade do ar e reduzir os efeitos perversos da pandemia.