26/06/2020 – Investimentos em transição energética podem colocar anualmente trilhões de dólares nas economias mundiais e ajudar a impulsionar a recuperação da economia entre 2021 e 2023 – e gerando novos empregos no pós-pandemia.

Ao atrelar seus investimentos à transição energética, os investidores também podem estar mais bem preparados para antecipar nova demanda regulatória e padrões fiduciários em evolução.

A avaliação faz parte do relatório Recuperação pós-COVID: uma agenda para resiliência, desenvolvimento e igualdade, divulgado nesta quarta (26) pela agência Internacional de Energia Renovável (Irena, sigla em inglês) — uma atualização do cenário possível de geração de riqueza agora adaptado para a “recuperação verde”.

As análises da agência mostram que os investimentos em renováveis, que em 2019 ficaram em US$ 824 bilhões, podem dobrar na fase de recuperação das economias pós-pandemia, com a implementação de políticas que acelerem a transição — US$ 2 trilhões por ano entre os anos de 2021 e 2023, chegando a casa de US$ 4,5 trilhões por ano na década de 2030.

Resultado seriam 5,5 milhão de novos empregos no período sendo 2,91 milhões no mercado voltado para eficiência energética. Soma-se a isso 120 milhões de empregos que seriam criados com a flexibilização dos sistemas energéticos.

A conta leva em consideração que cada milhão de dólares investido em renováveis ou transição energética criaria pelo menos 25 empregos, enquanto cada milhão de dólares investido em eficiência energética criaria dez novos postos.

Estudos são parte do esforço da Irena de contrapor as perdas estimadas em 1,07 milhão de empregos nos setores de energia nuclear e combustíveis fósseis, que seriam afetados pela transição energética.

 

Mudanças nos empregos no setor de energia resultantes do investimento relacionado à transição, 2021-2023 (IRENA)

Títulos verdes serão vitais para que projetos renováveis saiam do papel, atraindo investidores para ativos sustentáveis, destaca a agência.

Por aqui, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o Brasil poderá se tornar um centro de negociação de créditos de carbono. Segundo o executivo, medidas de estímulo a investimentos em títulos verdes serão anunciadas em breve.

“Estávamos discutindo formas de colocar o país no mapa. Uma das ideias apresentadas, ainda em estudo, é que o Brasil fosse um centro negociador de carbono”, disse Campos durante o webinar promovido pela Climate Bonds Initiative (CBI), nesta terça (23).

Durante o webinar, foi lançado o relatório Destravando o Potencial de Investimentos Verdes para Agricultura no Brasil. O documento, elaborado pelo CBI em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), traz recomendações para desenvolver o mercado de títulos verdes no agro brasileiro. Veja o estudo na íntegra (.pdf)

O relatório aponta que o capital de giro necessário para agricultura é de US$ 100 bilhões por ano e aumenta ao se considerar o agronegócio como um todo.

“Queremos fortalecer esse mercado de finanças verdes no Brasil, que é uma potência agroambiental, comprometida com a sustentabilidade. Estamos abertos para saber o que causa as dificuldades para atrair investidores”, afirmou a ministra da Agricultura Tereza Cristina.

Fonte: epbr