PEQUIM (Reuters) – A China expressou nesta quinta-feira confiança em alcançar um acordo comercial com os Estados Unidos dentro do período de 90 dias de trégua acertado entre as partes, e considerou o encontro recente entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, um grande sucesso.

Trump e Xi acertaram na semana passada, durante cúpula do G20 na Argentina, um cessar-fogo que adiou um aumento nas tarifas impostas a 200 bilhões de dólares de bens chineses de 10 para 25 por cento, planejado para 1º de janeiro, enquanto negociam um pacto comercial.

“Estamos muito confiantes de chegar a um acordo (com os EUA) dentro dos próximos 90 dias”, disse o porta-voz do Ministério do Comércio da China, Gao Feng, em um boletim semanal, acrescentando que os dois lados têm se comunicado e cooperado “tranquilamente” desde que os líderes se encontraram em Buenos Aires.

O grande objetivo da China durante os três meses de negociações comerciais é cancelar todas as tarifas impostas pelos EUA aos seus bens, disse Gao.

Seus comentários coincidiram com a prisão de uma importante executiva da gigante tecnológica chinesa Huawei por parte de autoridades canadenses a pedido de Washington, o que ameaça aumentar novamente as tensões entre as duas maiores potências econômicas do mundo.

EUA e China adotaram tarifas sobre bens de centenas de bilhões de dólares em setores como o de automóveis, agrícola e energético, travando o comércio e reformulando as cadeias de suprimento globais.

Pela primeira vez desde o encontro, Gao confirmou que Pequim concordou em adotar o consenso alcançado pelos dois lados nestes três setores, mas não deu detalhes de nenhuma medida específica.

“Começaremos com produtos agrícolas, energia, automóveis para implementar imediatamente as questões sobre as quais os dois lados chegaram a um consenso”, disse Gao quando indagado sobre o que está na pauta das negociações.

“Depois, nos próximos 90 dias, seguiremos um cronograma e um itinerário claros para negociar questões como a proteção do direito de propriedade intelectual, cooperação tecnológica, acesso ao mercado e equilíbrio comercial”, afirmou, enfatizando que as consultas devem ter como base atender os interesses das duas partes.

A Casa Branca disse que a China se comprometeu a comprar mais produtos norte-americanos e a remover barreiras tarifárias e não-tarifárias de imediato, ao mesmo tempo iniciando conversas sobre mudanças estruturais ligadas a transferências forçadas de tecnologia e proteção da propriedade intelectual.

Fonte: Reuters