Representantes da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) defenderam ontem (03/05) a projeção do avanço da mistura de biodiesel nos cálculos que estão sendo feitos para estabelecer as metas da Política Nacional de Biocombustíveis, o RenovaBio.

O Ministério de Minas e Energia (MME) vai apresentar as metas de redução de emissões para consulta pública nos próximos dias, mas os cálculos apresentados ao setor não consideravam avanços na mistura obrigatória de biodiesel, hoje em 10%, nem o uso de outros biocombustíveis, como o bioquerosene na aviação.

“Nós do setor de biodiesel e bioquerosene, representados pela Ubrabio, queremos um tratamento equânime e não um tratamento que possa criar situações de desequilíbrio por parte da produção de biocombustíveis”, argumentou o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski.

Segundo Tokarski, a projeção que foi apresentada no documento não está compatível nem mesmo com a projeção do MME. “O MME estabeleceu um prazo até 30 de janeiro do ano que vem para conclusão dos testes de B15. O RenovaBio vai começar praticamente no mesmo período. Ora, se nós vamos ter a conclusão dos testes de B15 em janeiro do ano que vem, é prudente que tenha uma previsão dessa escala de crescimento”, explicou.

Tokarski também destacou a necessidade de previsibilidade para o setor, lembrando um documento entregue ao MME em 2016, em que o calculava que o Brasil alcançaria o B20 em 2030. “O governo tem a oportunidade de estabelecer esse aumento de mistura que já está previsto desde 2016. Antes da formulação do RenovaBio, o setor de biodiesel entregou um documento em que projetava o B20 em 2030. Este documento foi a base de criação do programa RenovaBio”.

Outro argumento apresentado foi a crescente importação de diesel para abastecimento do mercado interno e a capacidade do Brasil de produzir energia renovável com diversificação de matérias-primas. “Para que nós tenhamos uma participação maior de óleos residuais e plantas nativas como a macaúba e o babaçu, para que nós possamos ampliar nossa pesquisa, nós temos que ter a previsibilidade do negócio do biodiesel”, defendeu Tokarski.

O superintendente da Ubrabio destacou ainda que essa previsibilidade não pode ser anual e que por isso a Ubrabio vem defendendo desde 2017 o avanço para o B11 em 2019. “Já solicitamos uma nova audiência ao ministro Moreira Franco para que tenhamos em março do ano que vem o B11. Essa é a possibilidade concreta”.

Resposta à sociedade

Segundo Tokarski, o interesse maior é o da sociedade. Ele lembrou dados da Organização Mundial da Saúde que mostram que 50 mil pessoas morrem no Brasil, por ano, por causa da má qualidade do ar. “Estamos diante de um cenário em que não se pode admitir a não projeção do B15 e a não inclusão do bioquerosene nas metas do RenovaBio. Nós temos que buscar as oportunidades e elas só vão ocorrer se nós tivermos previsibilidade, equilíbrio e sintonia do setor de biocombustíveis para este avanço, unificando os propósitos, porque o maior interessado é a sociedade”, concluiu.