Grupo de pesquisa coordenado pelo Professor da Unesp de Bauru, Gilbert Bannach, bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vem desenvolvendo alguns novos polímeros de interesse tecnológico. Ligado ao Laboratório de Análise Térmica e Polímeros do Departamento de Química da universidade, o grupo conta, ainda, com o bolsista de Iniciação Científica do CNPq, Arthur Rossi de Oliveira, e o mestrando Rafael Turra Alarcon.

A pesquisa é desenvolvida seguindo os princípios da Química Verde que, desde 1993, é definida como “o desenvolvimento de produtos químicos e seus processos com redução, eliminação, não uso e geração de substâncias perigosas”.

Um dos princípios da Química Verde é que a matéria-prima deve ser renovável, quando tecnicamente e economicamente praticável. Nesse sentido, o grupo de pesquisa visa à utilização de glicerol e óleos vegetais para a produção de polímeros, como a descrita na patente BR0201601805-6 (Agência Unesp de Inovação – AUIN). “O glicerol se encaixa perfeitamente nisso, porque em as suas sínteses poliméricas não produzem resíduos ou produzem resíduos atóxicos. Buscou-se em todas as sínteses a não utilização de solventes e o baixo gasto energético como na fotopolimerização”, explica Bannach.

O glicerol pode ser obtido como fonte de baixo custo devido à grande produção de biodiesel no país. Ele é um subproduto da síntese do biodiesel, sendo obtido pela transesterificação de óleos e gorduras de origem vegetal e animal com um monoálcool de cadeia curta, tipicamente metanol ou etanol, na presença de um catalisador. Já os óleos vegetais são uma biomassa de baixo custo e fácil acesso também. Nestes estudos, podem-se utilizar óleos vegetais de qualquer fonte (girassol, dendê, babaçu, linhaça, soja, semente de uva, macaúba e entre outros).

Os pesquisadores já obtiveram materiais poliméricos interessantes com os óleos de soja e com a linhaça. O primeiro apresentou características termofixas e grande quantidade de poros e foi testado como adsorvente de alguns corantes, mostrando resultados positivos, podendo assim ser usado como filtro e para tratamento de efluentes, bem como na adsorção de antocianinas, onde tal processo permite criar cápsulas para fármacos e concentrar antioxidantes naturais.

O polímero de óleo de linhaça apresenta características de um termoplástico, podendo ser moldado quando aquecido e permanecendo em sua forma quando resfriado. Pode, portanto, ser utilizado, em aplicações de moldagem e deve ser testado como polímero para impressoras 3D.

O grupo também trabalha com fotopolimerização, onde sintetiza-se polímeros a partir da luz, um método rápido e que demanda baixa energia, sendo obtido polímeros até em temperatura ambiente, o que é uma vantagem quando comparado a polímeros sintetizados por métodos térmicos.