A Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) aprovou por unanimidade as indicações, encaminhadas pelo governo federal, de Décio Fabrício Oddone da Costa e Felipe Kury para os cargos de diretores da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Os dois indicados foram sabatinados nesta quarta-feira (14) pelo colegiado. As mensagens (MSF 107/2016 e MSF 108/2016) seguem para votação do Plenário.

Os relatores das indicações foram os senadores Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) e Valdir Raupp (PMDB-RO), respectivamente.

Indicado para a Diretoria-Geral, Décio Oddone, de 56 anos, é empregado aposentado da Petrobras e atual diretor de Projetos de Óleo e Gás da Prumo Logística. Também é conselheiro da Ferroport Logística e da NFX Combustíveis Marítimos.

Na sabatina, Décio afirmou que o mundo e o Brasil vivem um momento de transformação em que a revolução do shale (gás de folhelho) nos Estados Unidos indica o fim do petróleo caro. Ao mesmo tempo, segundo o indicado, o mundo caminha rumo à economia de baixo carbono, em que os biocombustíveis terão papel mais relevante e os acordos de redução de emissões, aperfeiçoamentos na regulamentação e inovações tecnológicas devem acelerar essa mudança.

“Os biocombustíveis são estratégicos para o Brasil. O Brasil tem uma vocação para o seu desenvolvimento. A produção está presente em todas as regiões e em milhares de municípios. Seu consumo, além de beneficiar o meio ambiente, com reflexos positivos na saúde pública, produz impactos na geração de emprego e renda em todo o país. O Brasil deve aperfeiçoar a regulação, incentivar a sua produção e se beneficiar do aumento da sua participação na matriz energética global”, destacou.

Ainda segundo Décio, as transformações nos setores de petróleo, de gás e de biocombustíveis devem ser acompanhadas por aperfeiçoamentos na regulação, o que traz desafios e aumenta a relevância da ANP.

“A agência vem desempenhando um papel importante na defesa dos interesses da sociedade brasileira. Entre outras atividades, (…) trabalha com o setor de biocombustíveis, para que a oferta e a qualidade do etanol e do biodiesel atendam às necessidades do mercado consumidor”, pontuou.

Felipe Kury, de 51 anos, é sócio-diretor da Tetrad Capital Partners. Foi executivo em empresas como IBM, Microsoft e Thomson Reuters. Formado em Engenharia Elétrica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), cursou MBA Executivo em Harvard e programa para executivos seniores na London Business School.

Kury afirmou que o país conta com oportunidades relevantes para se transformar em uma plataforma global de produção de combustíveis.

“Estarei empenhado na construção de uma agenda positiva regulatória que fomente a atração de novos investimentos capazes de apoiar a geração de empregos, renda e crescimento econômico sustentável para o Brasil”, ressaltou.

Biodiesel e bioquerosene

Durante a sabatina, o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) pediu a atenção dos dois indicados para o desafio brasileiro em relação aos biocombustíveis.

“Precisamos colocar os biocombustíveis como prioridade. No caso do biodiesel, nós podemos avançar muito, mas muito mesmo, porque somos grandes produtores de oleaginosas. Como Relator da Comissão de Mudanças Climáticas do Congresso Nacional, nós priorizamos também a discussão esse ano, para que o Brasil possa ser líder na produção do bioquerosene”, afirmou o senador.

“Nós já estamos prevendo que os carros serão movidos à eletricidade daqui a 10 anos, mas não há, no horizonte de 50 anos, a perspectiva de termos aviões elétricos. Então, o bioquerosene será o querosene do futuro da aviação comercial em uma perspectiva global e o Brasil não pode estar importando tecnologia para produzir bioquerosene”, completou.

Para o parlamentar, o papel da ANP é apostar na inovação, pesquisa e desenvolvimento, e chamar a Academia Brasileira para “animar o setor industrial, para que o Brasil, de fato, possa desenvolver a sua própria tecnologia nessa nova avenida larga que é a produção do bioquerosene”.