Representantes da indústria de biodiesel apresentaram nesta quinta-feira ao governo federal diversas sugestões para fomentar o segmento e aumentar a produção para 18 bilhões de litros até 2030, ante os 4 bilhões de litros produzidos em 2015, com potencial de gerar investimentos de 22 bilhões de reais no período, apenas no processamento do combustível e no esmagamento de soja.

O diretor-superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Donizete Tokarski, disse à Reuters que um documento reunindo as sugestões foi elaborado a partir de um chamado do Ministério de Minas e Energia, que queria ouvir as ideias do setor para o futuro.

“É uma atitude extremamente positiva que o Ministério de Minas e Energia adotou, foi o secretário (de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis), Márcio Félix, que nos chamou e pediu para que nós elaborássemos isso para que o ministério possa tomar atitudes”, afirmou Tokarski.

O documento, obtido pela Reuters com exclusividade, foi elaborado pela Ubrabio, em conjunto com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio).

Para atingir a produção de 18 bilhões de litros em 2030, Tokarski conta com medidas de incentivo do governo para a indústria de soja, principal matéria-prima do combustível renovável, e com o crescimento progressivo do consumo.

A expectativa é que até 2030 seja obrigatória a mistura de, no mínimo, 20 por cento de biodiesel no diesel comum, permitindo que a participação do combustível renovável na matriz energética atinja 3,5 por cento em 2030, ante 1,2 por cento hoje.

Atualmente, uma lei prevê o aumento gradual da mistura de biodiesel no diesel, passando dos atuais 7 por cento para 8 por cento em março de 2017, aumentando um ponto porcentual ao ano até chegar a 10 por cento em 2019.

O setor espera que o governo adote políticas de promoção e industrialização da soja, para que possa ampliar competitividade internacional de seus produtos, sobretudo do farelo.

O documento apresentado pelas entidades ao governo estima que a produção de soja chegará, em 2030, a 165 milhões de toneladas, ocupando 44,6 milhões de hectares, ante até 104 milhões de toneladas projetadas para a safra 2016/17.

“Isso proporcionará uma manutenção de exportação da soja em grãos nos patamares que nós temos hoje e, de agora para frente, a destinação principal do aumento da produção seria para o esmagamento interno, consequentemente agregando valor aos produtos nacionais”, afirmou o executivo.

Considerando a meta de 65 por cento de processamento interno da safra em 2030, o documento apontou que o Brasil produzirá 84,7 milhões de toneladas de farelo, ante 31,1 milhões projetados para 2017, e 19,9 milhões de toneladas de óleo de soja, ante 8,1 milhões previstos para o ano que vem pela Abiove.

Entretanto, o desenvolvimento de outras matérias-primas, como óleo de palma, também são importantes, na avaliação de Tokarski. Segundo ele, a ideia é que a soja tenha a mesma participação na produção de biodiesel atual, de 77 por cento.

O consumo de diesel já misturado com o biodiesel no Brasil deverá atingir 90 bilhões de litros em 2030, segundo as entidades, ante os atuais cerca de 60 bilhões, considerando o crescimento anual de consumo de 3,9 por cento nos últimos anos.

(Por Marta Nogueira)