Dados da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) mostram que em Mato Grosso 85% do biodiesel é extraído da soja, 10% do sebo bovino e 5% de outros óleos. No primeiro semestre de 2016, a produção mato-grossense de biodiesel ficou em 408,7 milhões de litros, o que já representa 21,9% da produção nacional.

Para o presidente do Sindicato das Indústrias do Biodiesel em Mato Grosso (Sindibio), Rodrigo Guerra, o cenário é positivo e otimista e Mato Grosso tem potencial para aumentar ainda mais essa participação e abastecer toda demanda existente no País.

“Nós não somos uma ‘extratora’ de petróleo, mas temos uma ‘plantinha’ que é uma pequena usina, como se fosse um poço de petróleo. Mato Grosso é carente de indústrias, são 15 ao todo. Não dá para aumentar o número de usinas, mas as existentes têm capacidade para absorver a produção de soja e estão preparadas para abastecer o Brasil”, afirma Guerra.

Por esse motivo, acrescenta o presidente do Sindibio, o agricultor precisa entender por que o biodiesel é importante para ele e por que agrega valor a sua propriedade, pois a soja produzida por ele é matéria-prima para o biodiesel.

Atualmente, existem no Brasil 51 usinas de biodiesel, que produzem 7,2 bilhões de litros por ano. O produto biodiesel é vendido em leilões públicos promovidos pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). “Foi sancionada a lei para elevar para oito, nove e 10% o uso do biodiesel, a cada ano, e até 2019 chegar no B15. Hoje estaríamos preparados para um B10, mas a lei ainda não foi colocada em prática. Por isso, a hora é de fazer a tarefa de casa e ter esse produto para oferecer”, afirma Rodrigo Guerra.

O diretor-superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Donizete Tokarski, destaca que Mato Grosso produz 28 milhões de toneladas de soja por ano. “Com isso, o estado sozinho poderia abastecer o Brasil todo com B10, usando apenas metade da soja produzida no estado”, avalia.

O especialista Ricardo Arioli ressalta que o biodiesel é uma alternativa que só traz benefícios, pois é menos poluente, é mais barato, gera emprego e renda nas regiões produtoras, otimiza a produção agropecuária e ainda fomenta a agricultura familiar. “Com a aplicação da lei, o mercado vai se abrir ainda mais e possibilitar novos investimentos e desenvolvimento da cadeia como um todo, o que vai resultar em um produto mais barato”, avalia.

Biocombustível

Mato Grosso é o sexto colocado na produção de cana, com 231.461 hectares plantados na safra atual, sendo que a produção de biocombustível (etanol) alcança números sólidos e atende os mercados de Rondônia, Acre, Amazonas e Pará, além de Mato Grosso. Na última safra a produção atingiu 1.078.600 m³ de etanol e 337.162 toneladas de açúcar.

Cuiabá sedia congresso

O potencial bioenergético e as perspectivas do setor serão focos centrais das discussões do 1º Congresso de Bioenergia de Mato Grosso e 3º Congresso do Setor Sucroenergético do Brasil Central – Canacentro. O evento é uma realização da Famato, Aprosoja e Senar-MT e já está com as inscrições abertas. O Bioenergia será realizado de 12 a 14 de setembro no Cenarium Rural, em Cuiabá (MT), reunindo entidades públicas e privadas, produtores, analistas, estudiosos e sociedade.

Inscrições – As inscrições para participar do evento podem ser feitas pelo site www.sistemafamato.org.br/bioenergiamt. A entrada será 1 kg de alimento não perecível que deve ser entregue no dia do evento.