Neste sábado (03/10), comemora-se o Dia Nacional do Biólogo. Profissional que tem o estudo da vida na origem da palavra que o define, ele é peça fundamental no desenvolvimento de tecnologias para a cadeia produtiva da agroenergia no Brasil. Na Embrapa Agroenergia, centro de pesquisa localizado em Brasília/DF, dos 57 empregados ligados à área de desenvolvimento tecnologia, 15 têm formação em Biologia.
Eles estão empenhados no estudo de plantas e microrganismos que possam ser matérias-primas e insumos para a produção de etanol, biodiesel, químicos de origem renovável e outros produtos que podem ser substitutos dos derivados de petróleo. “A nossa função é estudar o ser vivo, estudar a vida, e indicar caminhos para a aplicação desse ser vivo na produção de biodiesel, por exemplo”, explica a analista Rosana Falcão, uma das biólogas da Embrapa Agroenergia.
Rosana utiliza seus conhecimentos para extrair DNA de plantas para sequenciamento genético. A pesquisadora Letícia Jungmann Cançado, também bióloga, é outra profissional que atua na área genética, estudando os genes responsáveis pela acidificação do óleo na palma-de-óleo (dendê), com o objetivo de encontrar mecanismos para controlar essa característica indesejada da planta. “O óleo de palma sofre muita acidificação depois de ser colhido, o que é um problema tanto para a indústria de alimentos quanto para a de biodiesel”, explica.
Já a pesquisadora Léia Fávaro trabalha com os microrganismos. Nas usinas de etanol, uma espécie desse tipo de ser vivo, a levedura Saccharomyces cerevisiae, é a grande responsável por converter o caldo da cana-de-açúcar no biocombustível que move carros e até aviões. Mas os cientistas querem encontrar ou obter, por melhoramento ou engenharia genética, novos microrganismos que produzam etanol de outros tipos de matérias-primas ou gerem enzimas para serem utilizadas nessa e em outras cadeias produtivas.
Esses trabalhos não são isolados, mas se integram entre si e com os dos profissionais das outras áreas atuando no centro de pesquisa. “Eu faço extração de DNA, mas o meu objetivo é obter uma planta ou uma linhagem de plantas de macaúba, pinhão-manso ou dendê para a produção de biodiesel”, ressalta Rosana.
Para as três profissionais, os biólogos têm visão abrangente, o que facilita essa integração. “Isso vem da formação: eles têm conhecimento do todo que envolve o funcionamento dos organismos vivos e dos ecossistemas, o que acaba facilitando uma série de atividades”, analisa Leia.
Com formação em Economia e atuando com economia agrícola e sustentabilidade das cadeias produtivas relacionadas com a bioenergia, o pesquisador Gilmar Santos voltou à Universidade e obteve, neste ano, o diploma de Bacharel em Ciências Biológicas. De acordo com Gilmar, o conhecimento que obteve nessa área está sendo muito útil para as atividades que já desenvolvia. “É bastante útil para o meu trabalho, pois há uma grande integração entre a economia e a biologia em diversos campos, como a bioeconomia, botânica econômica, ecologia industrial, economia ambiental e economia ecológica. Essa sinergia traz grandes oportunidades para os dois campos de conhecimento. Isso é o que mais me incentiva na profissão”.
Os biólogos da Embrapa Agroenergia não estão sozinhos no estudo dos seres vivos com vistas à missão da Empresa: “viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura, em benefício da sociedade brasileira”. Em toda a Embrapa, há 351 analistas e pesquisadores com formação em Ciências Biológicas trabalhando com esse objetivo.