O Brasil pode aumentar a mistura obrigatória de biodiesel ao diesel fóssil comercializado para 10% (B10), afirmaram nesta segunda-feira (26) os presidentes das associações do setor de biodiesel, e representantes do Ministério de Minas e Energia (MME) e do Congresso Nacional. Segundo o presidente do Conselho Superior da Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene), Juan Diego Ferrés, a evolução do programa de biodiesel é uma oportunidade para a retomada do crescimento do país, que passa por um período de recessão.
As perspectivas para a evolução da produção e uso do biodiesel no Brasil estão sendo discutidas na Conferência BiodieselBR 2015. Parceira do evento, a Ubrabio participa de painéis nos dois dias da conferência, que teve início hoje.
Convidado para o debate desta tarde, Ferrés destacou a capacidade instalada da indústria de biodiesel, que pode produzir cerca de 7,5 bilhões de litros do combustível renovável por ano, mas está com aproximadamente 40% de sua capacidade ociosa, já que a demanda estimada para 2015 é de cerca de 4 bilhões de litros.
A visão de que o país tem matéria-prima e parque industrial para atender ao aumento da mistura, atualmente em 7% (B7), de forma progressiva e gradual para B10 num horizonte de até dois anos também é compartilhada pelo MME.
Segundo o diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do MME, Ricardo Dornelles, os agentes de mercado são capazes de atender à demanda proporcionada pelo aumento de mistura.
Em tramitação na Comissão do Desenvolvimento Nacional do Senado Federal, o PLS 613/2015, do Senador Donizeti Nogueira (PT-TO) determina o aumento da mistura obrigatória para B8 90 dias após a aprovação, com previsão de aumento semestral para B9 e B10.
Para o senador, já existem dados e estudos suficientes para que o país avance na mistura, sem comprometer a produção agrícola, já que o país vem batendo recordes de produção de soja, principal matéria-prima para o biocombustível, e exporta mais da metade dessa produção sem industrializá-la.
O projeto, que pode ser votado pelo Senado nesta quarta-feira (28), também propõe que seja obrigatório o uso de 20% de biodiesel no transporte público das cidades brasileiras com mais de 500 mil habitantes, projeto também conhecido como B20 Metropolitano.
De acordo com o presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel, deputado federal Evandro Gussi (PV-SP), a importância de nova perspectiva para o setor está alinhada a três pontos estratégicos: segurança energética, política de saúde pública e salvaguarda do meio ambiente.
Participação da Ubrabio
Nesta terça-feira (27), o vice-presidente Técnico da Ubrabio, Marcos Boff, fará parte do painel “Cenários para o mercado de diesel e biodiesel”. Marcos Boff vai falar sobre a importância de uma perspectiva de longo prazo para o biodiesel e para o país.
No final da manhã, o consultor técnico da Ubrabio, e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Donato Aranda abordará os mitos e verdades sobre o NOx (óxidos de nitrogênio), analisando as emissões provenientes do uso de biodiesel.
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