As pesquisas visando a produção de biodiesel a partir do óleo de microalgas são cada vez mais constantes na busca de alternativa energética renovável. O aproveitamento dessa biomassa poderá ser uma opção aos combustíveis fósseis (como o petróleo), com grande potencial para a produção de biodiesel, usualmente produzido a partir de óleo de soja. Esse aproveitamento depende de tecnologia e do sucesso de muitas pesquisas em andamento.

No últimos seis anos, MCTI investiu cerca de R$ 26 milhões em pesquisa, desenvolvimento e inovação para a produção e o uso de biodiesel derivado de microalgas, por meio de encomenda à Finep/MCTI e de editais lançados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI).

As microalgas são ricas em lipídeos, os quais podem ser convertidos em ésteres metílicos de ácidos graxos para produção de biocombustível. O alto potencial biotecnológico, o grande teor de óleo e o menor impacto ambiental são apontados na lista de vantagens em relação a outras fontes de matéria-prima.

O emprego das microalgas para a produção de biodiesel em nível industrial ainda deve ser matéria de inúmeras pesquisas. Há necessidade do desenvolvimento de uma série de estudos, especialmente considerando a diversidade biológica das microalgas, os diferentes fatores que influenciam a produção da biomassa, as técnicas de extração da fração lipídica e a síntese do combustível. Um dos gargalos a superar é o alto custo de produção a partir das tecnologias disponíveis, que poderão ser equacionados pelo emprego de resíduos agroindustriais (vinhaça de cana de açúcar, glicerina, entre outros) como parte do meio de cultivo das microalgas, pela inovação nos sistemas de cultivo em larga escala e por outras formas de utilização da biomassa que permitiram o aproveitamento integral da mesma, numa visão de biorrefinarias (alimento animal, biofertilizantes, extração de biopolímeros, pigmentos etc.).

A produção a partir de diferentes fontes oleaginosas, fortalecendo as potencialidades regionais para a produção de matéria-prima, é uma das diretrizes do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), criado pelo governo federal em 2004. Para identificar e eliminar os gargalos tecnológicos que venham a surgir durante a evolução do programa, foi criada a Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel (RBTB). A rede busca consolidar um sistema gerencial de articulação dos diversos atores envolvidos na pesquisa, no desenvolvimento e na produção de biodiesel, permitindo assim a convergência de esforços e a otimização de investimentos públicos.