O objetivo do projeto é produzir uma nova fonte de energia.
O fruto é rico em Vitamina A, na produção de cosméticos e na aviação.

A região Centro-Oeste está em destaque no estado. A cidade de Dores do Indaiá recebeu na sexta-feira (21) o lançamento da cadeia extrativista da macaúba. O objetivo do projeto é produzir uma nova fonte de energia, o biodiesel, utilizando como matéria-prima o óleo da fruta da macaúba. Um fruto pequeno, mas com um potencial gigantesco, o coco da macaúba pode ser utilizado na alimentação.

O fruto é rico em Vitamina A, na produção de cosméticos e na aviação. Isso é o que afirma o professor e cientista da Universidade Federal de Viçosa, Sérgio Yoshimitsu Motoike. “A parte que chamamos de polpa é rica em óleo, e esse óleo serve tanto para a aviação quanto para a alimentação. Não há nenhum resquício de toxicidade neste material. Deste óleo deriva o bioquerosene”, explicou.

A palmeira que produz o coco existe em abundância próximo a cidade de Dores do Indaiá. Na região Centro-Oeste de Minas Gerais, há 200 mil hectares da palmeira nativa. A quantidade impulsionou a criação da plataforma mineira de bioquerosene. “Consequentemente para 250 mil hectares, estamos falando de cerca de dois milhões e meio de toneladas de óleo”, afirmou o coordenador da plataforma brasileira de bioquerosene, Mike Lu.

A partir da criação da plataforma e de um consórcio entre produtores, a ideia é alavancar um novo segmento de agronegócio com uma possibilidade de preservação e recuperação de Áreas de Preservação Permanente. Segundo o consultor do consórcio, Aroldo Oliveira, algumas áreas estão sendo recuperadas com mudas geneticamente modificadas.

Aroldo ainda afirma que o sistema de plantio está sendo trabalhado em duas formas. “Na região está sendo trabalhado o sistema de cultivo no qual iniciamos os plantios agora, mas a previsão de produção é para oito anos; e o sistema extrativista, mas com sustentabilidade ambiental, em que se aproveita áreas com macaúbas para fazer a coleta deste material para comercializar”, explicou.

Uma ferramenta que tem sido necessária para viabilidade o projeto é a utilização de drones. Com eles é possível sobrevoar as macaúbas e saber se o cacho está pronto para o corte. E isso com um avançado sistema de navegação e de localização das palmeiras. “Com os softwares de georreferenciamento, que já temos disponível e depois de identificadas as macaúbas, o monitoramento se torna fácil. Porque entre os dados, ele periodicamente grava e fotografa o desenvolvimento da macaúba”, garante Tony Dragan, parceiro do consórcio.

Durante uma reunião com o consórcio, o secretário de desenvolvimento de Minas Gerais, Rogério Nery disse que este é um momento histórico para produção de energia limpa no brasil e que minas é pioneira. “Isso vai transformar o campo em produção de combustível ecologicamente correto, atendendo as necessidades do mercado mundial. Hoje na aviação é uma regra que tem que ser cumprida e o volume de combustível a ser consumido é muito superior a condição que o país tem de produzir”, afirmou.

Plantações têm recuperado áreas desmatadas (Foto: TV Integração/Reprodução)E mercado para isso, o governo garante que existe. “Nós temos que começar a produzir as primeiras toneladas para exportar. Países como Holanda e Alemanha têm refinarias para este tipo de óleo e podem ser as principais consumidoras”, explicou.

Se prosseguir conforme o planejado, o negócio pode mudar a vida do produtor rural e de pelo menos 20 cidades do Centro-Oeste do estado. Segundo o prefeito de Dores do Indaiá, Ronaldo Costa, o novo produto pode ainda elevar o Produto Interno Bruto (PIB) do município. “Imaginamos que isso pode chegar a dobrar ou triplicar o PIB do município. Temos expectativa e vamos trabalhar para que isso aconteça”, finalizou.